A Faixa de Gaza vive hoje o “pior cenário da fome” já registrado, segundo alerta emitido pela Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês), uma ferramenta internacional usada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para avaliar a gravidade das crises alimentares. O comunicado, publicado nesta semana, aponta que o acesso a alimentos, serviços básicos e itens essenciais caiu a “níveis sem precedentes”, em meio ao agravamento do conflito e ao deslocamento em massa de civis.
“Conflitos e deslocamentos se intensificaram, e o acesso a alimentos e outros itens e serviços essenciais despencou a níveis sem precedentes”, afirma o IPC no relatório. A organização alerta para o crescimento acelerado da desnutrição, doenças e mortes em todo o território palestino. Segundo o sistema, mais de 20 mil crianças foram internadas para tratamento de desnutrição aguda entre abril e meados de julho, sendo mais de 3 mil delas em estado grave.
Ainda de acordo com o relatório, “os dados mais recentes indicam que os patamares da fome foram atingidos para o consumo de alimentos na maior parte da Faixa de Gaza e para a desnutrição aguda na Cidade de Gaza”. O documento pede “ação imediata” para encerrar as hostilidades e garantir uma “resposta humanitária desimpedida, em larga escala e que salve vidas”.
Embora o alerta não traga uma nova classificação formal de fome, o que exige uma análise técnica detalhada , o IPC enfatiza que as evidências disponíveis justificam a atualização imediata da situação. “Considerando as informações e os dados mais recentes disponíveis, uma nova análise do IPC deve ser conduzida sem demora”, acrescenta.
Em maio, o sistema já havia classificado a totalidade da população de Gaza como em situação de “insegurança alimentar aguda” e indicou que o território enfrenta “alto risco” de atingir o mais grave estágio da crise de fome.
Enquanto a crise humanitária se agrava, o número de mortos continua a subir. Segundo autoridades de saúde locais, mais de 60 mil palestinos já perderam a vida em decorrência da ofensiva militar israelense desde o início da guerra.
A ONU e diversas organizações humanitárias internacionais têm reiterado o apelo por um cessar-fogo imediato, além de exigir que seja garantido o acesso pleno e seguro de ajuda humanitária à população sitiada.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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