O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta quarta-feira (29), uma ação coordenada nacional contra o crime organizado, após a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 121 mortos, entre eles quatro policiais, segundo balanço do governo estadual.
Em nota e publicações nas redes sociais, Lula afirmou que “não se pode aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades”. O presidente destacou que as ações de segurança precisam atingir “a espinha dorsal do tráfico”, sem colocar crianças, famílias e policiais em risco.
A Operação Contenção, considerada a mais letal da história do estado, mobilizou 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar. A ação causou bloqueios em vias, suspensão de aulas em 83 escolas e paralisação de linhas de ônibus. Segundo a Polícia Civil, 63 corpos foram encontrados em áreas de mata e moradores levaram dezenas de vítimas até a Praça São Lucas, na Penha.
Reunião emergencial e medidas do governo federal
Após a operação, Lula se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada para discutir a situação. Estiveram presentes Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Rui Costa (Casa Civil), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), Anielle Franco (Igualdade Racial), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social).
Durante o encontro, o presidente determinou o envio de Lewandowski e do diretor-geral da Polícia Federal ao Rio de Janeiro e anunciou a criação de um escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado, que vai integrar forças estaduais e federais.
“O governo federal está à disposição do estado do Rio de Janeiro para restabelecer a paz, fortalecer a investigação e combater o crime com inteligência e integração”, disse Lula.
Lewandowski afirmou que o objetivo do escritório é “tomar decisões rápidas e conjuntas até que a crise seja superada”, e que a atuação federal se dará “com firmeza, mas dentro da legalidade e do respeito aos direitos humanos”.
Estratégia e investigação
Segundo o secretário da Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, as forças de segurança montaram o chamado “Muro do Bope”, uma estratégia em que agentes cercaram os criminosos pela Serra da Misericórdia, empurrando-os em direção à mata, onde outras equipes já estavam posicionadas.
A Defensoria Pública do Estado confirmou que pede esclarecimentos sobre as circunstâncias das mortes e acompanhamento das famílias. O Ministério Público do Rio também instaurou investigação para apurar eventuais abusos.ĺ
O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que a cooperação com o governo federal é fundamental para enfrentar as facções.
“O Rio vence batalhas, mas não vence a guerra sozinho. Essa guerra só será vencida juntos”, disse Castro após se reunir com Lewandowski.
O Palácio do Planalto ressaltou que a PEC da Segurança Pública, enviada ao Congresso em abril, tem como meta garantir a atuação conjunta entre as forças policiais de diferentes esferas.
De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, o Rio de Janeiro registrou aumento de 18% nos tiroteios com morte em 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Especialistas em segurança avaliam que o combate às facções precisa ser acompanhado de investimentos sociais nas comunidades e reorganização do sistema prisional, para enfraquecer a base do tráfico.
Por Kátia Gomes | Resisado pela Redação MD News
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