O duelo entre Bahia e Fortaleza, válido pelas quartas de final da Copa do Nordeste, promete mais do que apenas futebol. Marcado para às 21h30 desta quarta-feira (10), na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, o confronto reúne dois dos trabalhos mais duradouros e sólidos do futebol brasileiro atual: Rogério Ceni e Juan Pablo Vojvoda.
Ambos os treinadores não apenas acumularam títulos e campanhas marcantes à frente de seus clubes, mas também protagonizaram um embate particular recheado de equilíbrio ao longo dos últimos anos. Segundo levantamento do Espião Estatístico, ferramenta que monitora dados dos clubes das Séries A, B e C, Vojvoda ocupa o terceiro lugar no ranking dos técnicos mais longevos do Brasil, enquanto Rogério Ceni aparece na quinta colocação. O topo pertence a Abel Ferreira, do Palmeiras, no cargo desde novembro de 2020.
Rivalidade técnica com equilíbrio
Desde que chegou ao Fortaleza em maio de 2021, Vojvoda encontrou Ceni pela primeira vez ainda naquele ano, quando o treinador brasileiro comandava o Flamengo. Na ocasião, levou a melhor. Desde então, os dois se enfrentaram sete vezes, com três vitórias de Ceni, duas de Vojvoda e dois empates. A ligeira vantagem de Rogério, no entanto, pode ser relativizada pelo número de partidas em que atuou como mandante, algo que vai se repetir neste novo duelo em Salvador.
A Fonte Nova promete ser um diferencial para o Bahia, que vem embalado pela conquista do Campeonato Baiano e um início promissor na Série A. O mando de campo, histórico favorável e a confiança renovada podem pesar a favor da equipe tricolor, mas o Fortaleza tem no banco um comandante experiente e acostumado a desafios eliminatórios.
Títulos regionais e campanhas históricas
Ambos os técnicos conhecem bem o gosto da glória regional. Rogério Ceni conquistou a Copa do Nordeste em 2019, justamente pelo Fortaleza, antes de sua primeira saída do clube. Vojvoda, por sua vez, venceu o torneio duas vezes: em 2022 e novamente em 2024, consolidando seu nome como um dos mais importantes da história recente do Leão do Pici.
Além dos títulos, os dois protagonizaram campanhas históricas no Campeonato Brasileiro, especialmente na era dos pontos corridos. Sob o comando de Vojvoda, o Fortaleza alcançou o G-4 em 2021 e 2024, resultados inéditos para o clube. Já Ceni, no Bahia, levou o time ao 8º lugar em 2024, melhor colocação do Esquadrão desde a adoção do atual formato da Série A.
Esses desempenhos sólidos abriram portas para experiências internacionais. O Bahia, por exemplo, voltou à disputa da Copa Libertadores após 34 anos, enquanto o Fortaleza estreou na competição continental com Vojvoda e chegou até mesmo a uma final de Copa Sul-Americana, em 2023.
2025: Começos opostos e um reencontro decisivo
Apesar do histórico vitorioso, os dois treinadores vivem momentos distintos neste início de temporada. Vojvoda amargou a perda do título cearense para o rival Ceará, teve um começo irregular no Brasileiro e chegou a balançar no cargo. Já Rogério Ceni comemorou o título estadual, uma arrancada positiva na Série A e ainda renovou seu contrato com o Bahia até dezembro de 2027, um claro voto de confiança da diretoria no seu trabalho.
No entanto, muita coisa mudou nas últimas semanas. Após a pausa no calendário para descanso e treinamentos, esta será a primeira partida oficial de Bahia e Fortaleza no retorno das competições. Um cenário em aberto, onde o desempenho pode surpreender para o bem ou para o mal.
Nesta quarta-feira, Ceni e Vojvoda voltam a se encontrar, não apenas como adversários táticos, mas como representantes de um estilo cada vez mais raro no futebol brasileiro: o trabalho de longo prazo com resultados consistentes e identidade clara. Quem avançar às semifinais da Copa do Nordeste não leva apenas a vitória e reforça também a importância da continuidade em um cenário ainda marcado pela impaciência e troca constante de comandos técnicos.
Com equilíbrio histórico, títulos no currículo e histórias entrelaçadas, Bahia e Fortaleza prometem um duelo intenso, técnico e emocional. Um confronto que vai muito além das quatro linhas e que pode ditar o rumo da temporada para dois dos projetos mais consistentes do futebol nacional.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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