Jair Bolsonaro (PL) reuniu, na tarde deste domingo (29), cerca de 12 mil pessoas, na Avenida Paulista, em São Paulo. Puxado pelo pastor Silas Malafaia, o ato teve como lema “Justiça Já” e contou com a participação de governadores, senadores, deputados e representantes religiosos aliados ao bolsonarismo.
No discurso, deixou latente a derrota nas eleições de 2022, criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e se defendeu das acusações de golpe. Ele alegou que a transição de governo foi pacífica e reforçou a tese de que sua eleição em 2018 foi um “milagre”.
“Se fosse uma tentativa de golpe, vocês não estariam aqui”, afirmou o ex-presidente, acrescentando que, com maioria no Congresso, mesmo sem a Presidência, “poderia mudar o destino do Brasil”.
O evento começou por volta das 14h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), e foi marcado por grande presença de manifestantes vestidos com as cores da bandeira nacional, além de estandartes dos Estados Unidos e de Israel.
Entre as figuras políticas presentes estavam os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Cláudio Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC); os senadores Flávio Bolsonaro (RJ), Magno Malta (ES) e Marcos Rogério (RO); além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Deputados como Bia Kicis, Gustavo Gayer e Marco Feliciano também discursaram.
Tarcísio de Freitas, ovacionado ao subir ao palco, falou em nome dos governadores presentes. Ele exaltou Bolsonaro, criticou os juros altos e o atual governo, e pediu “anistia, justiça e a volta” do ex-presidente. “Não há democracia tirando alguém das urnas. Não se tira Bolsonaro do coração do povo”, disse.
Silas Malafaia também aproveitou o espaço para criticar o STF, especialmente a decisão que responsabiliza as redes sociais por postagens de usuários que promovam crimes ou discursos de ódio.
Na última sexta-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, encerrou a fase de instrução da ação penal que investiga o núcleo político e operacional de uma suposta tentativa de golpe de Estado. O caso segue agora para alegações finais antes do julgamento.
Bolsonaro já é réu, junto com outros sete aliados, após decisão unânime da Primeira Turma do STF em março. Ele nega qualquer plano ilegal, embora tenha admitido, em depoimento recente, “exageros retóricos” contra o sistema eleitoral.
Até agora, o STF já condenou 497 pessoas pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O número de absolvidos é de apenas oito. As penas envolvem crimes como golpe de Estado, dano ao patrimônio público, deterioração de bens tombados e associação criminosa.
O evento deste domingo reeditou os moldes da manifestação de abril, também na Paulista, que chegou a reunir quase 45 mil pessoas, segundo estimativa da USP em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common. A pauta então era o pedido de anistia aos condenados por envolvimento na tentativa de golpe.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil
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