O Exército Brasileiro avançou nas tratativas para a aquisição de um novo sistema de defesa antiaérea de média altura, considerado estratégico para a proteção do território nacional. A Itália desponta como principal fornecedora do equipamento, em uma negociação que pode alcançar até R$ 3,4 bilhões.
O movimento é visto como mais um sinal de aproximação diplomática entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a gestão da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni. Brasil e Itália mantêm uma relação histórica nas áreas política, econômica e militar, que vem sendo reforçada mesmo diante de diferenças claras de orientação ideológica entre os dois governos.
O sistema avaliado é o EMADS (Enhanced Modular Air Defense Solutions), desenvolvido pelas empresas italianas MBDA e Leonardo. A solução é capaz de neutralizar ameaças aéreas como drones, aeronaves e mísseis de cruzeiro, ampliando de forma significativa a capacidade defensiva do país.
O processo de compra deve avançar em 2026, com a emissão de um pedido formal de propostas. A expectativa é que a negociação ocorra no modelo governo a governo, com participação direta do Estado italiano, embora empresas privadas sejam responsáveis pelo fornecimento e pela integração dos sistemas.
Internamente, o Exército já discute a possível distribuição das baterias antiaéreas em pontos estratégicos do território nacional. Entre as localidades avaliadas estão Jundiaí (SP), Brasília (DF) e uma terceira posição na região Norte, ainda em definição. Cada bateria pode contar com até 96 mísseis.
Além da aquisição, o Brasil busca incluir no acordo cláusulas de transferência de tecnologia, permitindo a participação da indústria nacional no desenvolvimento, manutenção e operação de componentes como radares e sistemas de comando e controle. A medida segue a estratégia de fortalecimento da base industrial de defesa.
A escolha pela Itália também dialoga com outros projetos militares em andamento, como a compra dos blindados Centauro II e a integração de sistemas semelhantes nas fragatas da classe Tamandaré, ampliando a interoperabilidade das Forças Armadas e aprofundando a cooperação bilateral.
Por David Gonçalves, correspondente do MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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