Cuidar do pet vai muito além de dar carinho, ração e abrigo. A ida ao veterinário e a vacinação em dia são atos de amor e também de proteção coletiva. Graças a esse cuidado, aliado a uma estratégia nacional de imunização e vigilância, o Brasil acaba de atingir um marco histórico: dez anos sem registros de raiva humana transmitida por cães.
A última ocorrência foi em 2015, no Mato Grosso do Sul, em uma região de fronteira com a Bolívia. Desde então, nenhum novo caso foi registrado. Entre 2023 e 2025, o Ministério da Saúde destinou cerca de R$ 231 milhões por ano a essas ações, que envolvem desde a imunização até a resposta rápida em caso de suspeitas da doença.
“É com muito orgulho que celebramos 10 anos sem casos de raiva humana transmitida por cães no País. Um resultado histórico, fruto de campanhas de vacinação, distribuição gratuita de vacinas e da dedicação incansável dos profissionais do SUS”, comemora Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde.
O que é a raiva?
A raiva é uma doença infecciosa viral que afeta o sistema nervoso central de mamíferos, inclusive o ser humano. É causada por um vírus do gênero Lyssavirus e, sem tratamento, é quase sempre fatal.
A transmissão ocorre pela saliva de animais infectados, geralmente através de mordidas, arranhões ou quando a saliva entra em contato com mucosas (como olhos, boca e nariz). Cães e gatos são os principais transmissores urbanos, mas morcegos e macacos também podem carregar o vírus.
Os sintomas nos humanos podem começar com febre, dor de cabeça e formigamento no local da mordida, evoluindo rapidamente para confusão mental, espasmos musculares e dificuldade para engolir. Após o início dos sintomas, infelizmente, a doença é considerada incurável.
O que fazer em caso de mordida ou contato com animal suspeito
O cuidado deve ser imediato. Lave o ferimento com água corrente e sabão por pelo menos 15 minutos e procure o posto de saúde mais próximo para receber a vacina e, se necessário, o soro antirrábico.
Mesmo que o animal pareça saudável, é essencial que ele seja observado por 10 dias por um veterinário ou órgão de vigilância. Caso o animal apresente sintomas de raiva como agressividade repentina, salivação excessiva ou dificuldade de andar, a notificação deve ser feita imediatamente.
Estratégia “Uma Só Saúde”
Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, o marco de dez anos sem casos humanos transmitidos por cães mostra o quanto a integração entre diferentes áreas da saúde faz diferença.
“É com muito orgulho que celebramos 10 anos sem casos de raiva humana transmitida por cães em nosso País. Um resultado histórico, fruto de campanhas de vacinação de cães e gatos, distribuição gratuita de vacinas e soros, e dedicação incansável dos profissionais do SUS”, afirmou.
“Enquanto o mundo ainda registra cerca de 60 mil mortes todos os anos por raiva canina, o Brasil já é referência global, mostrando que a estratégia Uma Só Saúde é capaz de proteger a vida das pessoas e dos animais.” conclui.
Próximos passos
Com o marco de uma década sem casos, o Brasil se prepara para entregar, até 2026, um dossiê à Organização Mundial da Saúde (OMS) e à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), reunindo as evidências da eliminação da raiva humana transmitida por cães em todo o território nacional.
Caso o documento seja validado, o país se tornará o segundo das Américas a receber o reconhecimento oficial, depois do México.
Ainda assim, os especialistas alertam: é essencial manter a vigilância contra outros transmissores do vírus, como morcegos e primatas silvestres.
Por: Laís Queiroz | Revisão: Daniela Gentil
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