O Brasil foi oficialmente declarado livre da gripe aviária nesta quarta-feira (18), após cumprir o período exigido de 28 dias de vazio sanitário desde a detecção do único caso da doença em uma granja comercial em Montenegro (RS). A confirmação foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que também notificou formalmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e iniciou o processo para retomar a normalidade nas exportações de carne de frango.
Durante o período de quarentena sanitária, não houve registro de novos focos da doença em granjas comerciais no país, um requisito essencial segundo os protocolos da OMSA para que o Brasil reconquiste o status sanitário de “livre de influenza aviária”. Casos isolados continuaram sendo registrados apenas em aves silvestres e de subsistência, sem impactos diretos na produção industrial.
Além da notificação à OMSA, o Brasil comunicou todos os países que impuseram restrições à importação de aves e produtos avícolas brasileiros após a ocorrência no Rio Grande do Sul. A solicitação é clara: a revogação imediata das suspensões, com base no novo status sanitário.
Desde o registro do foco, mais de 40 mercados internacionais anunciaram algum tipo de restrição às importações de carne de frango brasileira, uma situação que causou preocupação entre produtores e exportadores. No entanto, o governo brasileiro já vinha negociando com seus parceiros comerciais desde o primeiro dia após a confirmação do caso.
Regionalização e Retomada Comercial
Alguns países, como México e Rússia, adotaram uma abordagem mais branda desde o início, optando por medidas de regionalização ou seja, restrições limitadas apenas ao estado afetado. A estratégia do governo agora é convencer outros mercados a seguir o mesmo caminho, ou preferencialmente, remover totalmente as barreiras comerciais.
A regionalização é vista como um mecanismo fundamental para mitigar impactos econômicos em um setor responsável por uma fatia significativa das exportações brasileiras. Nesse sentido, o Brasil já vinha se antecipando à chegada da gripe aviária ao setor comercial. Desde 2023, o Mapa intensificou medidas preventivas e firmou acordos de regionalização com países estratégicos como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas.
O acordo com o Japão, por exemplo, foi assinado em março deste ano e já prevê a possibilidade de manter as exportações em caso de surtos localizados, medida que agora se mostra decisiva para manter o fluxo comercial ativo.
Apesar da confirmação do vírus em uma granja comercial, o governo brasileiro não foi pego de surpresa. O Mapa já considerava provável o surgimento de um caso, diante da disseminação global da doença, especialmente em regiões da Ásia, África e Europa. No continente europeu, apenas em 2025, mais de 200 casos foram registrados.
A rápida contenção do foco e a ausência de novos casos demonstram a eficácia das medidas adotadas, segundo avaliação técnica do Ministério.
Com o novo status sanitário reconhecido, o Brasil busca retomar a liderança nas exportações de carne de frango com segurança e credibilidade, minimizando os prejuízos econômicos e reforçando sua imagem de potência sanitária no cenário agropecuário mundial.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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