Uma peça publicitária de fim de ano da marca Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres, tornou-se o centro de um intenso debate político nas redes sociais neste domingo (21). O que era para ser uma mensagem motivacional de Ano Novo acabou gerando um movimento de boicote liderado por figuras da direita brasileira.
O motivo da discórdia: “Pé direito” ou trocadilho criativo?
A controvérsia teve início devido a um trecho específico do comercial. No vídeo, Fernanda Torres sugere que as pessoas não comecem o próximo ano com o “pé direito”.
Para setores conservadores, a fala foi interpretada como uma indireta ou desdém ao espectro político da direita. Parlamentares como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) reagiram rapidamente; em suas redes sociais, Ferreira postou um story com a frase: “A partir de hoje, nem todo mundo usará…”, fazendo alusão ao famoso slogan da marca.
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) foi além, publicando um vídeo onde descarta um par de chinelos no lixo. “Se as Havaianas não nos querem, nós também não queremos as Havaianas”, declarou a parlamentar.
O contexto completo da propaganda
Apesar da repercussão negativa em certas “bolhas” digitais, o roteiro completo da campanha revela um sentido figurado. Após a frase polêmica, a atriz completa a linha de raciocínio com uma mensagem motivacional:
“O que eu desejo é que você comece o Ano Novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés”.
O “Fator Fernanda Torres” e o filme ‘Ainda Estou Aqui’
A reação hostil à campanha também está ligada ao momento atual da carreira de Fernanda Torres. A atriz tem sofrido ataques constantes de militantes de direita desde o lançamento de “Ainda Estou Aqui”, filme ganhador do Oscar que retrata o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura militar (1964–1985).
Como setores da direita costumam exaltar o período militar, a temática do longa e o protagonismo de Fernanda na obra intensificaram a polarização em torno de sua imagem, transformando uma peça comercial em um novo capítulo da “guerra cultural” brasileira.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil
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