A Fundação Humanitária para Gaza (GHF), organização apoiada pelos Estados Unidos e responsável pela entrega de alimentos na região, suspendeu nesta quarta-feira (4) a distribuição de ajuda humanitária em Gaza. A decisão foi tomada após episódios de violência, incluindo tiroteios que resultaram em mortes durante as entregas, principalmente no dia 2 de junho.
Nos últimos dias, várias pessoas morreram ou ficaram feridas em meio à correria e ao pânico nas filas para receber suprimentos básicos. Em comunicado, a GHF afirmou ter solicitado ao Exército israelense medidas para organizar o fluxo de pessoas nos pontos de entrega, a fim de reduzir os riscos de confrontos e descontrole.
A fundação também pediu orientações mais claras às autoridades para a população palestina, além de melhor treinamento das tropas responsáveis pela segurança, visando garantir a proteção dos civis durante as operações de distribuição.
Organizações internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), condenaram os ataques contra civis e exigiram investigações independentes para apurar responsabilidades pelos incidentes. O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou os episódios como “inaceitáveis” e reforçou a necessidade de uma apuração imparcial e transparente.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU alertou ainda que a obstrução deliberada da ajuda humanitária em Gaza pode configurar crime de guerra, especialmente diante da crise humanitária extrema que afeta a região.
Em meio ao colapso, Hassan, um morador de Gaza de 28 anos, enviou um vídeo à redação do MD News, no qual relata as dificuldades enfrentadas pela população local:
“Estamos lutando todos os dias. Os suprimentos de comida são extremamente limitados e passam por controles israelenses muito rígidos. Até itens básicos, como farinha, arroz e alimentos enlatados, são difíceis de conseguir.”
Hassan também fez um apelo emocionado:
“O que queremos é paz, dignidade e nossos direitos humanos básicos. Obrigado por nos dar voz.”
Especialistas alertam que a suspensão da ajuda pode agravar ainda mais a crise alimentar em Gaza, impactando milhares de pessoas já em situação de extrema vulnerabilidade.
Por David Gonçalves, correspondente do MD News na Europa
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