Carla Zambelli segue causando turbulência em Brasília. Condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, a ex-deputada deixou o país rumo aos Estados Unidos. Em entrevista recente, afirmou que, como cidadã italiana, é intocável na Itália – um movimento que reacendeu os temores do PT sobre a possibilidade de aliados de Bolsonaro usarem artifícios para escapar da Justiça.
O gesto de Zambelli teve resposta imediata. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), protocolou na terça-feira (4) um novo pedido à Procuradoria-Geral da República para que Bolsonaro seja monitorado por tornozeleira eletrônica. A medida, segundo ele, seria uma “forma legítima de fiscalização” da permanência do ex-presidente em território nacional, sem violar garantias individuais.
A solicitação se soma a outro requerimento já apresentado em março por Lindbergh e pelo também petista Rogério Correia (MG), que sugeriam medidas como retenção de passaporte e restrição de acesso a embaixadas. Agora, com o caso Zambelli reacendendo alertas, o PT quer mais firmeza da Justiça.
“Temos um histórico: Eduardo Bolsonaro também saiu do país, está nos Estados Unidos, e seu pai admitiu que está bancando a estadia com doações via Pix. Agora é Zambelli. O risco de fuga de Bolsonaro é real”, disse um parlamentar da base, sob reserva.
O incômodo é evidente. Na visão do governo, há uma tentativa sistemática de driblar a Justiça por parte de figuras centrais do bolsonarismo. O silêncio da Procuradoria-Geral da República até o momento é outro fator de irritação entre os petistas, que cobram uma resposta institucional mais rápida.
Enquanto isso, Carla Zambelli, já fora do radar do sistema penal brasileiro, segue ativa nas redes e em entrevistas – como a que deu à CNN Brasil – alimentando a narrativa de que está segura sob a proteção da cidadania italiana.
Por David Gonçalves | Revisão: Lorrayne Rosseti