O uso excessivo das redes sociais por adolescentes pode, em breve, ser reconhecido como um tipo de transtorno mental. Este conceito tem se consolidado no meio científico após a divulgação de um artigo na famosa revista JAMA, da Associação Médica Americana (AMA), que estabelece critérios para diagnosticar o consumo excessivo dessas plataformas como uma condição médica.
Se a ideia for aceita pela comunidade científica, a condição provavelmente será incorporada ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), série clássica utilizada como referência por profissionais de saúde mental ao redor do mundo. Os autores vão ainda mais longe: esperam que a condição também venha a integrar a Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A iniciativa está baseada em um estudo conduzido pela sanitarista Lauren Hale, da Universidade Stony Brook, em Nova York. O estudo averiguou os efeitos do tempo de tela sobre os adolescentes, reconhecendo que a diminuição do uso de dispositivos digitais foi benéfica.
“A diminuição do tempo de exposição às telas teve efeitos positivos nas dificuldades comportamentais de crianças e adolescentes. Observamos, especialmente, uma queda nos problemas internalizados e um aumento nas interações sociais positivas”, destacou Hale em seus resultados.
Ela continua enaltecendo a continuidade das investigações: “Futuras pesquisas devem investigar em profundidade os diferentes tipos de uso das mídias e estudar se a participação da família nas intervenções é necessária para seus resultados. Também é preciso entender se os efeitos são sustentáveis a longo prazo”.
Outro nome de peso no estudo é Dimitri Christakis, pediatra da Universidade de Washington, que criou uma escala para medir a intensidade da relação patológica dos adolescentes com as redes sociais, incluindo o tempo gasto nos aplicativos e os efeitos sobre a vida cotidiana.
A proposta reacende o debate sobre os limites do uso da tecnologia entre jovens e pode influenciar políticas públicas de saúde mental voltadas para a geração conectada.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil