Cinco torcedores do Real Valladolid foram condenados pela Justiça espanhola a um ano de prisão por ofensas racistas contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior. O episódio aconteceu em 30 de dezembro de 2022, durante partida válida pela 15ª rodada da LaLiga, no estádio José Zorrilla, na cidade de Valladolid.
A sentença, que ainda será homologada oficialmente pelo Tribunal de Valladolid no próximo dia 21 de maio, também prevê o pagamento de uma multa de 1.620 euros para cada réu, o equivalente a aproximadamente R$10 mil na cotação atual. Além da pena de reclusão, os condenados ficarão proibidos de frequentar recintos esportivos durante o período da sentença.
Os ataques ocorreram aos 43 minutos do segundo tempo, quando Vini Jr., então jogador do Real Madrid, foi substituído e se dirigiu ao banco de reservas. Enquanto caminhava à beira do gramado, o atleta foi alvo de gritos e xingamentos vindos das arquibancadas. Vídeos gravados por torcedores e emissoras de televisão capturaram claramente os insultos, facilitando a identificação dos envolvidos e servindo como prova no processo judicial.
De acordo com as conclusões do Ministério Público, os gritos tinham “a clara intenção de humilhar e ferir a dignidade do jogador por óbvias razões racistas”. A decisão é considerada um marco, por ser uma das primeiras vezes em que a Justiça espanhola aplica uma pena de prisão por injúrias racistas no futebol.
Vinícius Júnior se manifestou na época com indignação, cobrando uma postura mais firme da LaLiga e das autoridades espanholas. “Os racistas continuam indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto, e a LaLiga continua sem fazer nada…”, escreveu o jogador em uma publicação nas redes sociais, que teve ampla repercussão internacional.
Desde que chegou ao futebol espanhol, o atacante da Seleção Brasileira tem sido vítima de repetidas manifestações racistas. Em 2023, ao menos nove episódios foram registrados em jogos diferentes, envolvendo torcedores de clubes como Valencia, Atlético de Madrid, Mallorca e Real Sociedad. Em muitos desses casos, a identificação e punição dos agressores foram lentas ou inexistentes, o que gerou críticas ao sistema jurídico espanhol e à própria organização do futebol no país.
O caso mais recente ocorreu em fevereiro deste ano, durante uma partida entre Real Madrid e Real Sociedad pela Copa do Rei. Na ocasião, torcedores do time adversário foram flagrados ofendendo o jogador com cânticos racistas. Embora os autores não tenham sido identificados, as autoridades locais aplicaram uma sanção coletiva: a proibição de entrada em estádios por um ano para todos os torcedores envolvidos no setor onde os gritos foram ouvidos.
A condenação dos cinco torcedores do Valladolid é vista por especialistas em direitos humanos e ativistas do esporte como um avanço significativo. Ainda que o racismo continue presente nas arquibancadas da Europa, decisões como essa podem representar o início de uma virada no combate à impunidade.
O próprio Vini Jr. tem assumido papel de destaque na luta contra o racismo. Recentemente, ele foi nomeado embaixador da ONU na campanha global contra a discriminação no esporte, e sua postura firme tem inspirado jogadores, clubes e torcedores ao redor do mundo a se posicionarem de forma mais contundente diante de casos de preconceito.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil
