O câncer de pele é um dos principais desafios de saúde pública no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país deve registrar mais de 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma por ano no triênio de 2023 a 2025, número que coloca a doença no topo dos tumores malignos no país e responsável por aproximadamente um terço de todos os diagnósticos oncológicos nacionais.
Fatores que impulsionam o crescimento de casos
A incidência elevada da doença está ligada principalmente à exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV), sobretudo sem a proteção adequada. Essa exposição acumulada ao longo da vida é apontada pelos dermatologistas como o fator mais determinante para o desenvolvimento de tumores cutâneos.
Além das horas ao sol em momentos de lazer, a radiação UV também representa risco constante para trabalhadores que passam grande parte do dia ao ar livre, como operários da construção civil, trabalhadores rurais, ambulantes e garis. Campanhas específicas têm sido lançadas para conscientizar esses grupos que enfrentam exposição ocupacional diária.
Outro obstáculo é a lacuna no acesso a especialistas: mais da metade dos brasileiros nunca visitou um dermatologista, o que dificulta a detecção precoce de lesões suspeitas e pode levar ao diagnóstico tardio, quando o tratamento é mais complexo e os riscos são maiores.
Riscos também para pessoas negras
Embora a incidência geral de câncer de pele seja maior entre pessoas de pele clara, a doença também afeta a população negra. A melanina oferece alguma proteção natural contra os efeitos da radiação UV, mas isso não elimina a possibilidade de desenvolver câncer de pele.
Nos grupos de pele mais escura, um tipo específico merece atenção: o melanoma acral lentiginoso, que costuma surgir em regiões pouco expostas ao sol, como palmas das mãos, plantas dos pés e sob as unhas. Por não estar diretamente ligado à radiação UV, esse subtipo não pode ser prevenido apenas com o uso de protetor solar, o que reforça a necessidade de vigilância constante.
Profissionais de saúde alertam que o mito de que “pessoas negras não têm câncer de pele” pode atrasar a busca por atendimento, fazendo com que os casos sejam detectados tardiamente, muitas vezes em estágios avançados, reduzindo significativamente as chances de cura.
A importância da detecção precoce
O câncer de pele, quando identificado no início, possui altas taxas de cura, especialmente nos casos de tumores não melanoma. Isso reforça a importância de medidas de rastreamento e de educação em saúde voltadas à população.
Em dezembro de 2025, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) organizou ações nacionais com milhares de profissionais oferecendo exames gratuitos para detectar manchas suspeitas e orientar sobre cuidados com a pele.
Prevenção
Especialistas recomendam uma série de medidas que devem fazer parte da rotina de todos os brasileiros:
- Uso diário de protetor solar com fator adequado, mesmo em dias nublados.
- Reaplicação do protetor a cada duas horas ou após nadar/suar.
- Uso de roupas leves com proteção UV, chapéus de aba larga e óculos escuros.
- Evitar exposição direta ao sol entre 10h e 16h, período de maior radiação.
Campanhas como o Dezembro Laranja reforçam que qualquer pessoa está exposta ao risco de desenvolver câncer de pele e que os cuidados devem ser contínuos, não restritos ao verão ou às férias.
Por Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
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