A Justiça do Rio Grande do Sul autorizou Elissandro Spohr, ex-sócio da Boate Kiss, a sair temporariamente da prisão para trabalhar. Ele cumpre pena em regime semiaberto em um estabelecimento penal em Porto Alegre. A decisão foi assinada em 20 de outubro de 2025 e aceita pelo Ministério Público, desde que todas as regras do regime semiaberto sejam cumpridas, como monitoramento eletrônico e retorno obrigatório à unidade todas as noites.
Segundo a defesa, Spohr atuará como vendedor, mas o local de trabalho não foi divulgado por questões de segurança. A progressão para o regime semiaberto foi concedida após o cumprimento de quase quatro anos em regime fechado. Ele teve a pena reduzida de 22 anos e seis meses para 12 anos, e cumpriu parte da condenação na Penitenciária Estadual de Canoas (PECAN 1).
A saída temporária de Spohr será acompanhada pelo Ministério Público e pela administração penitenciária, garantindo que todas as exigências do regime semiaberto sejam cumpridas. Além dele, outros condenados pelo incêndio da Boate Kiss também tiveram autorização para o regime semiaberto:
- Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, condenado a 18 anos de prisão, teve a pena reduzida para 11 anos;
- Luciano Bonilha Leão, ajudante da banda, teve a pena reduzida de 18 anos para 11 anos;
- Mauro Londero Hoffmann, sócio da boate, ainda tem o pedido de progressão de regime sob análise do Ministério Público.
No dia 26 de agosto de 2025, as penas dos réus foram reduzidas pelo Judiciário gaúcho, após análise de teses apresentadas pelas defesas sobre a proporcionalidade das condenações.
Relembre o caso
O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), ocorreu durante o show da banda Gurizada Fandangueira, no dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia resultou em 242 mortos e 636 feridos. A maioria das vítimas do incêndio morreu por asfixia, após inalar a fumaça tóxica gerada pelo fogo que atingiu a espuma que revestia o teto do palco, onde os músicos se apresentavam.
Um artefato pirotécnico usado por um dos membros da banda teria dado início ao fogo. Centenas de pessoas ficaram desesperadas e começaram a correr em busca da saída. Segundo os bombeiros, que fizeram o primeiro atendimento da ocorrência, muitas vítimas tentaram escapar pelo banheiro do estabelecimento e acabaram morrendo.
Em dezembro de 2021, os quatro réus foram condenados pelo Tribunal do Júri. O julgamento chegou a ser anulado pela Justiça do RS e depois mantido pelo Supremo Tribunal Federal. O caso resultou em mudanças na legislação de segurança em casas noturnas e mobilizou debates nacionais sobre a prevenção de incêndios e responsabilidade civil.
Por Kátia Gomes | Revisão: Pietra Gomes
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