O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (24) um plano de contingência para enfrentar uma possível crise hídrica na Grande São Paulo. Diante da queda histórica nos níveis das represas que atualmente está em 28,7% da capacidade total, o menor volume desde 2015. As autoridades estabeleceram protocolos que podem impor restrições de abastecimento de água de até 16 horas diárias.
Este é o terceiro ano consecutivo com chuvas abaixo da média no estado, o que tem sobrecarregado os mananciais responsáveis pelo fornecimento de água. A persistência desse cenário levou o governo a adotar medidas preventivas para evitar um colapso no sistema hídrico.
Como funciona o plano
O plano foi estruturado em sete faixas de operação, cada uma com medidas crescentes de contingência, conforme o nível de armazenamento dos reservatórios:
- Faixa 1 (abaixo de 43,8%): início de campanhas de uso consciente e revisões operacionais;
- Faixa 2 (abaixo de 37,8%): redução de pressão por 8 horas noturnas;
- Faixa 3 (abaixo de 31,8%): redução por 10 horas diárias;
- Faixa 4 (abaixo de 25,8%): limitação de pressão por 12 horas;
- Faixa 5 (abaixo de 19,8%): restrições mais intensas, com 14 horas de contenção;
- Faixa 6 (abaixo de 9,8%): contenção por 16 horas, além do uso de volume morto e ligações emergenciais;
- Faixa 7 (nível zero): implantação de rodízio setorizado, com alternância diária de abastecimento entre regiões.
Atualmente, com o nível em 28,7%, a Grande São Paulo se encontra na Faixa 3, que prevê redução de pressão por 10 horas diárias.
Para que uma faixa avance ou retroceda, é necessário que os indicadores permaneçam por sete dias consecutivos dentro do intervalo determinado. Já para retornar a um nível menos grave, são exigidos 14 dias de melhora.
O rodízio completo só poderá ser acionado mediante autorização do Conselho Diretor da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos de São Paulo).
Mesmo em cenários restritivos, alguns locais terão abastecimento garantido. Serviços essenciais e populações vulneráveis receberão prioridade, incluindo:
- Hospitais, unidades de saúde, escolas e abrigos;
- Instituições de longa permanência;
- Delegacias, presídios e quartéis do Corpo de Bombeiros;
- Beneficiários da tarifa social.
Nas faixas mais severas, serão ativadas medidas adicionais, como captação de volume morto e ligações emergenciais, para garantir o atendimento dessas estruturas prioritárias.
Thiago Mesquita Nunes, diretor da Arsesp, destacou que o rodízio é uma medida extrema, diferente da simples redução de pressão: “No rodízio, setorizamos as áreas e definimos horários específicos de fornecimento conforme a gravidade. Esse cenário ainda não está próximo do que vivemos hoje”, afirmou.
Ele também ressaltou que o foco está na evolução dos reservatórios ao longo do tempo, considerando a sazonalidade: “Nosso olhar é para o futuro, acompanhando as curvas de segurança operacional para não permitir que os níveis ultrapassem os limites previstos pelo plano” finaliza.
Por: Kátia Gomes | Revisão: Redação
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