A traficante Eweline Passos Rodrigues, conhecida como “Diaba Loira”, foi encontrada morta na última quinta-feira (14), na Rua Cametá, em Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O corpo estava enrolado em um lençol e apresentava marcas de tiros na cabeça e no tórax. Pouco antes de ser executada, ela havia feito uma postagem em suas redes sociais. A Polícia Civil investiga se a morte foi ordenada pelo Comando Vermelho (CV), facção com a qual teria rompido recentemente para se aliar ao Terceiro Comando Puro (TCP).
Filha do policial militar da reserva Roberto Carlos Rodrigues, aposentado em 2018, Eweline nasceu em Tubarão (SC), onde levava uma vida considerada comum. Trabalhou como vendedora de cosméticos e perfumes, alfaiate e cobradora interna, além de abrir uma pequena empresa de promoção de vendas. Para pagar a mensalidade do curso de Direito, chegou a vender doces e trufas. Em suas redes sociais, alternava publicações profissionais, fotos em família e interações com amigos.
Tentativa de feminicídio e mudança de vida
A virada em sua trajetória ocorreu em 25 de agosto de 2022, quando foi vítima de uma tentativa de feminicídio em Capivari de Baixo (SC). O ex-companheiro, pai de seus dois filhos, a atacou com uma facada no pulmão, obrigando-a a passar por cirurgia de emergência. O acusado acabou absolvido.
Nas redes sociais, Eweline afirmava que a falta de punição ao agressor foi o que a levou a entrar para o crime. “Eu não estou no crime por emoção. Entrei porque tive motivos. Comecei depois de velha, e isso foi culpa da polícia, que não fez nada pelo que aconteceu comigo lá em Santa Catarina. Aquilo me empurrou para o crime”, escreveu em uma de suas publicações.
Prisões e fuga
Após a agressão, Eweline passou a ser investigada por tráfico de drogas em Tubarão. Foi presa em maio de 2023, quando policiais encontraram cocaína em seu carro após um acidente, e novamente em janeiro de 2024, por porte ilegal de arma e tráfico. Em ambas as ocasiões, conseguiu liberdade provisória com tornozeleira eletrônica, mas fugiu e se mudou para o Rio de Janeiro.
No Rio, Eweline assumiu identidade no crime e passou a ostentar fuzis e pistolas em postagens nas redes sociais. Ela justificava sua permanência no tráfico: “Não aconselho ninguém a seguir esse caminho, mas hoje não quero mais largar, e nem dá para largar. Não quero mesmo.”
Casada e mãe de dois filhos, deixou as crianças em Santa Catarina sob os cuidados da avó materna, Marilza da Silva Passos. Dias antes de sua execução, Marilza foi assassinada, e Eweline chegou a comentar o crime nas redes sociais.
Execução em Cascadura
A morte da “Diaba Loira” está sob investigação da Polícia Civil fluminense, que apura se a execução foi motivada por retaliação do Comando Vermelho.
Por Kátia Gomes e João Vitor Mendes | Revisão: Redação
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