A defesa de Carla Zambelli (PL-SP) organiza uma série de manifestações em Roma após a Justiça italiana negar, em última instância, o pedido para que a deputada aguardasse em liberdade o processo de extradição. A decisão mantém Zambelli sob custódia enquanto o julgamento segue em tramitação.
De acordo com apuração na Itália, embora o governo Lula negue qualquer tentativa de interferência, o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, esteve recentemente com o ministro da Justiça italiano, Carlo Nordio, para tratar diretamente do caso da parlamentar.
As manifestações estão marcadas para o dia 2 de novembro, em frente ao Ministério da Justiça, com a presença de apoiadores brasileiros, e o filho de Zambelli deve chegar à Itália para acompanhar de perto a situação da mãe.
Além da mobilização em Roma, a defesa recorreu à Corte Interamericana de Direitos Humanos, alegando violação de garantias judiciais e condições inadequadas de saúde na prisão. A expectativa é que o tribunal internacional examine o caso, embora especialistas alertem que a medida pode não ser bem recebida pelo sistema judicial italiano.
A deputada cumpre greve de fome, conforme havia anunciado em carta aberta ao ministro da Justiça, e até o último sábado não se alimentava, seguindo a promessa de protesto. Segundo fontes carcerárias, Zambelli se sentiu mal no fim de semana e recebeu atendimento médico, e a situação de saúde dela é considerada delicada.
Na busca por justiça, que, na visão dos advogados de Zambelli, não se concretiza nem no Brasil nem na Itália, a defesa recorre agora à última instância, a maior: o Tribunal Internacional.
Embora Zambelli enfrente esse calvário, seu caso é inédito na história recente do país europeu. Uma deputada considerada a mais votada do Brasil nas eleições de 2022 vive hoje um emaranhado de incertezas jurídicas, pressões diplomáticas e indefinições sobre seu futuro.
A sua liberdade agora está nas mãos de um único homem, e somente ele poderá bater o martelo: o ministro da Justiça, Carlo Nordio.
O MD News segue acompanhando de perto cada desdobramento desse processo, que promete entrar para a história da política brasileira sob os holofotes italianos.
Por David Gonçalves, correspondente MD na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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