Durante o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), as defesas do general da reserva Augusto Heleno e do general Paulo Sérgio Nogueira buscaram afastar a imagem de seus clientes da figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o criminalista Matheus Milanez, que defende Augusto Heleno, o general perdeu força no governo após a chegada do Centrão. Ele sustenta que, mesmo tendo permanecido na posição de ministro e garboso apoiador, o general experimentou “considerável distinção” da cúpula decisória. Para isto, apresentou depoimentos de testemunhas, entre os quais o do chefe de Segurança Presidencial, dados que corroboram a perda de protagonismo por Heleno após a filiação de Bolsonaro ao PL.
Milanez também procurou minimizar documentos encontrados pela Polícia Federal. “De caderneta golpista não tem nada. São apenas dados de apoio pessoal do general”, afirmou. O advogado concluiu mencionando que Heleno defendia a vacinação de Bolsonaro, exibindo, como prova da postura favorável, a sua própria caderneta de vacinação. “Nenhum militar foi contatado por Heleno, nenhum foi pressionado e as provas que temos estão aqui. O Ministério Público não trouxe nenhuma” – finalizou.
Farias também recordou que o general foi criticado por apoiadores mais extremistas, que o chamaram de “melancia” (verde por fora e vermelho por dentro) para enfatizar que não fazia parte do núcleo militar fiel a planos golpistas. “Existem provas contundentes de que o general Paulo Sérgio agiu para impedir qualquer movimento golpista”, afirmou o advogado.
Durante a sessão, a ministra Cármen Lúcia perguntou a Farias qual teria sido a ajuda concreta de Nogueira. “Por que até agora todo mundo fala que ninguém pensou nada [sobre golpe]?”, perguntou. O advogado respondeu: “Ele agiu ativamente para demover o presidente a adotar qualquer medida de exceção”.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil
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