A Torre dei Conti, um dos símbolos medievais mais importantes de Roma, localizada próximo aos Fóruns Imperiais, desabou durante obras de restauração na última segunda-feira, 3 de novembro.
Erguida em 1127, a torre já passou por diversas restaurações, mas continuava sujeita a riscos estruturais. As obras atuais faziam parte de um projeto financiado pelo Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PNRR) e eram conduzidas pela empresa Edilerica, especializada em restauração de patrimônios históricos.
Por volta das 11h30, ocorreu o primeiro colapso parcial, seguido de outro próximo das 12h50, provocando o desabamento de parte da torre sobre os trabalhadores presentes no local. O incidente assustou pedestres, turistas e comerciantes da região, com ruas bloqueadas, comércios evacuados e trânsito desviado para garantir segurança.
O episódio deixou um operário morto e sete feridos, sendo dois em estado grave e cinco com ferimentos leves. A vítima fatal foi Octay Stroici, operário romeno de 66 anos, que ficou mais de 11 horas preso sob os escombros.
O resgate foi extremamente difícil. Bombeiros da equipe SAF (Brigada de Incêndio Espeleológica-Alpina-Fluvial) trabalharam durante a noite, na escuridão, cavando com as próprias mãos. O acesso com máquinas era praticamente impossível. Stroici permaneceu alerta e cooperativo durante todo o resgate.
Ele trabalhava para uma empresa de construção civil localizada no bairro de Prati. Após ser resgatado, Stroici foi levado ao Policlínico Umberto I, mas chegou ao hospital em parada cardíaca e morreu pouco depois da meia-noite.
Natural de Suceava, no norte da Romênia, Stroici morava há anos em Monterotondo. Casado desde 26 de abril de 2021, ele deixa esposa e filha. Sua esposa acompanhou toda a operação de resgate, com apoio da embaixadora romena Gabriela Dancău e psicólogos da prefeitura.
A primeira-ministra Giorgia Meloni expressou seu profundo pesar por sua trágica morte, agradecendo aos socorristas que trabalharam incansavelmente para salvar a vida do operário.
A tragédia levantou questões sobre segurança em obras de restauração de monumentos históricos. A Promotoria de Roma abriu investigação por homicídio culposo e desastre culposo, considerando hipóteses como erro humano, falhas de projeto ou execução e omissões nos controles de segurança. O canteiro de obras foi imediatamente isolado para perícia técnica.
Autoridades também avaliam se fatores externos, como vibrações de obras próximas ou trânsito subterrâneo, podem ter contribuído para o colapso do monumento histórico, que envolveu o contraforte central do lado sul da torre e a base inclinada do edifício.
Desde os terremotos de 2016, que danificaram centenas de edifícios históricos no centro da Itália, o país vem investindo em programas de restauração, com monitoramento e avaliação anual das condições de torres, palácios e monumentos, muitos ainda abertos ao público, para tentar evitar tragédias como o desabamento da Torre dei Conti.
Por David Gonçalves, corresponte MD News na Italia | Revisão: Daniela Gentil
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