A donovanose é uma infecção sexualmente transmissível (IST) rara, causada pela bactéria Klebsiella Granulomatis. Apesar de pouco conhecida, a doença pode provocar lesões graves na região genital e exige diagnóstico e tratamento precoce para evitar complicações mais sérias.
A infecção é mais comum em regiões tropicais e subtropicais, como algumas áreas da Índia, Papua-Nova Guiné, Caribe, partes da África e também no Brasil. A transmissão ocorre principalmente por contato sexual sem proteção, mas também pode acontecer por meio do contato direto com feridas infectadas, mesmo fora da relação sexual.
No Brasil, embora incomum, a donovanose ainda é registrada principalmente em regiões mais quentes e com menor acesso a serviços de saúde, como o Norte e o Nordeste do país. Nesses locais, a deficiência de atenção básica e o difícil acesso a exames laboratoriais dificultam o diagnóstico rápido, o que aumenta o risco de complicações para os pacientes afetados.
Como identificar a donovanose?
O principal sintoma da donovanose são lesões na região genital ou anal. Elas começam como pequenos nódulos que, ao se romperem, formam feridas de bordas elevadas e aspecto avermelhado, geralmente indolores. Essas lesões tendem a se expandir lentamente e podem causar destruição progressiva do tecido local.
“O grande diferencial dela em relação a outras ISTs que causam feridas é o fato de não ser dolorosa. Assim como a sífilis, que também apresenta uma úlcera não dolorosa, todas as outras costumam doer. Além disso, a donovanose não regride. Ela é uma ferida que começa com um nódulo, só piora e não dói”, detalha Carolina Cunha Orlandi, ginecologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Com o tempo, se não for tratada, a donovanose pode causar complicações graves. As feridas aumentam de tamanho, favorecendo infecções secundárias e podendo levar a deformações permanentes nos órgãos genitais. A destruição dos tecidos pode gerar cicatrizes profundas, estenose (estreitamento) de estruturas como uretra, vagina ou ânus, e até disfunções urinárias ou sexuais.
Em casos mais raros, a infecção pode se espalhar para outras partes do corpo, incluindo ossos e fígado. A presença de feridas abertas também facilita a entrada de outros agentes infecciosos, como o vírus HIV, o que agrava ainda mais o quadro clínico da pessoa infectada.
O diagnóstico é feito por meio da análise laboratorial de amostras das lesões. O exame identifica os chamados “corpos de Donovan”, estruturas presentes dentro das células infectadas que confirmam a presença da bactéria causadora da doença.
Como a doença é tratada?
O tratamento é feito com antibióticos, como azitromicina, doxiciclina ou ciprofloxacino, prescritos por um médico. O uso contínuo por várias semanas costuma ser eficaz na eliminação da bactéria. No entanto, casos mais avançados podem exigir acompanhamento prolongado e, em situações graves, cirurgias para reconstrução da área afetada pelas lesões.
Quando não tratada adequadamente, a donovanose pode deixar sequelas duradouras. As mais comuns são cicatrizes, deformidades e estreitamentos nos genitais, que podem prejudicar a função urinária, sexual e até reprodutiva. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento completo são fundamentais para garantir a recuperação total e evitar danos permanentes.
A principal forma de prevenção da donovanose assim como de outras ISTs é o uso de preservativo em todas as relações sexuais. A prática do sexo seguro, o acesso à informação e a busca por atendimento médico aos primeiros sinais de sintomas são essenciais para conter a propagação da doença e proteger a saúde sexual da população.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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