Francyelle Pimentel, uma manicure imigrante que vive em Évora, Portugal, busca ajuda para repatriar o corpo de seu marido, Sulivan, que morreu subitamente na última sexta-feira (9). O brasileiro, que residia há anos no país, teve uma parada cardíaca ao sair para trabalhar. Agora, a esposa tenta arrecadar 8 mil euros (cerca de R$ 50 mil) para custear o translado do corpo ao Brasil, mas até esta quarta-feira (14), apenas 1343 euros haviam sido doados.
“Somos brasileiros e temos toda a família lá. O Sulivan sempre me disse que não queria morrer em Portugal”, escreveu Francyelle na página da vaquinha online, iniciativa comum em casos de mortes repentinas de imigrantes. A manicure, que vivia uma vida tranquila ao lado do marido na histórica cidade alentejana, desabafou ao MD News: “está sendo muito desgastante para mim todos esses dias, com tantas burocracias, não tenho nem conseguido viver meu luto (…) estou sob efeito de remédios calmantes. Agradeço a disponibilidade em ajudar”.
O casal, sem filhos, compartilhava uma rotina simples e dedicava-se a viagens pelo país. “Vivíamos um para o outro”, descreveu ela, que agora luta para cumprir o último desejo do companheiro: ser enterrado próximo à família e às suas raízes no Brasil.
Custo e burocracia: o desafio
A dor da perda é acompanhada por trâmites complexos e custos elevados. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, não financia o transporte de restos mortais – seja para corpos ou cinzas –, deixando as famílias dependentes de recursos próprios ou da solidariedade coletiva. Em Portugal, o procedimento exige a comunicação imediata ao Consulado-Geral da região (no caso do casal, o de Faro, que abrange Évora).
Segundo um guia do jornal DN Brasil, além de documentos como o assento de óbito original, atestado médico com causa da morte e laudo de embalsamamento, é necessário apostilar papéis na Procuradoria-Geral da República portuguesa. O corpo também precisa estar em uma urna metálica hermética caso a morte tenha sido por doença contagiosa. Já no Brasil, a funerária local deve apresentar à alfândega o conhecimento de embarque e requerer a liberação do caixão.
Solidariedade nas redes, mas meta ainda distante
Apesar da comoção nas redes sociais – onde a história ganhou destaque –, a arrecadação avança lentamente. Casos como o de Sulivan refletem um drama frequente: segundo o Itamaraty, o custo médio para repatriar um corpo é de R$ 30 mil (5 mil euros), valor que pode variar conforme as exigências das companhias aéreas. Urnas com cinzas, por exemplo, podem ser transportadas na bagagem de cabine ou no porão, desde que lacradas.
Como ajudar?
Doações para a vaquinha podem ser feitas através dos links:
Em reais: https://www.muuzinha.com.br/campanha/ultima-homenagem-ao-sulivan-apoie-o-retorno-NE586C
Para mais informações sobre trâmites consulares, acesse os sites dos consulados brasileiros em Lisboa, Porto e Faro.
Por: Eduardo Carvalho | Revisão: Daniela Gentil