O Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) proibiu oficialmente a participação de mulheres transgênero em competições femininas organizadas por entidades olímpicas e paralímpicas do país. A decisão segue uma ordem executiva assinada em fevereiro pelo presidente Donald Trump, que determina que a definição de sexo deve seguir o gênero designado no nascimento.
A nova diretriz foi publicada discretamente no site oficial do USOPC na última segunda-feira (21), sob a categoria “Política de Segurança de Atletas”. No dia seguinte, uma carta assinada pela CEO Sarah Hirshland e pelo presidente Gene Sykes foi enviada às federações esportivas nacionais, exigindo que todas atualizem suas regras conforme a nova determinação federal.
“O USOPC tem a obrigação de seguir a política federal. Nosso foco é garantir ambientes justos e seguros para as atletas”, diz o documento. A medida também pressiona o Comitê Olímpico Internacional (COI) a adotar posicionamento semelhante nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028.
Até então, mulheres trans poderiam competir se atendessem aos critérios definidos por suas respectivas federações internacionais. No entanto, o cenário começou a mudar após o COI, em 2021, delegar às federações a responsabilidade sobre regras de elegibilidade para atletas trans e intersexuais.
A nova política reforça uma série de restrições que já vêm sendo impostas em diferentes níveis. A NCAA, entidade que regula o esporte universitário nos EUA, baniu a participação de mulheres trans em competições femininas desde fevereiro. A World Aquatics, federação internacional da natação, segue diretriz semelhante desde 2022, permitindo apenas atletas que tenham completado a transição de gênero até os 12 anos, critério praticamente inatingível em diversos países.
Um dos casos mais emblemáticos é o da nadadora Lia Thomas, de 26 anos, impedida de disputar a seletiva americana para as Olimpíadas de Paris. O recurso da atleta à Corte Arbitral do Esporte (CAS) foi negado, reforçando a validade das regras da World Aquatics.
A ordem executiva integra uma série de ações do governo Trump voltadas à limitação de direitos da população transgênero. No primeiro dia de mandato, o presidente determinou que o sexo legal nos Estados Unidos será reconhecido apenas conforme o sexo biológico, mudança que já afeta documentos oficiais, como passaportes, e a política de prisões federais.
Por: Aline Feitosa | Revisão: Thaisi Carvalho
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