O ex-ministro dos Transportes da Rússia, Roman Starovoit, 53 anos, foi encontrado morto em seu carro particular nesta segunda-feira (7), algumas horas depois de ser oficialmente destituído do cargo por um decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin. As autoridades russas disseram que seu corpo apresentava um ferimento à bala e que a principal versão da investigação é a de suicídio.
“O Comitê de Investigação da Rússia para a região de Moscou está investigando as circunstâncias do incidente. A principal versão atualmente considerada é de suicídio”, diz o comunicado oficial.
Starovoit ocupou a posição de ministro dos Transportes desde maio de 2024, após ter dirigido por quase seis anos o governo da região de Kursk. Sua saída abrupta do governo federal ocorreu sem maiores explicações, conforme aparece no decreto presidencial publicado na manhã desta segunda.
Envolvimento em escândalo de corrupção
Notícias veiculadas pelo jornal russo Kommersant informam que o ex-ministro estava sendo investigado por desvio de verbas públicas, que totalizariam mais de 1 bilhão de rublos (cerca de R$ 69,4 milhões), montante destinado à construção de estruturas defensivas para a fronteira com a Ucrânia. Na esteira de relatos sobre incursões militares ucranianas em Kursk, em agosto de 2024, posteriormente à saída de Starovoit do governo local, a situação se tornou mais delicada. Entre as testemunhas atuantes contra o ex-ministro, consta o nome de Alexey Smirnov, seu sucessor na liderança da região. A conexão entre as subtrações e os danos estratégicos causados pela falta de defesas, tornou o caso extremamente sensível para o Kremlin.
Crise nos aeroportos pode ter acelerado demissão
A demissão de Roman Starovoit coincide com um colapso no sistema aeroportuário russo. No último fim de semana, os ataques de drones da Ucrânia afetaram diretamente o funcionamento de alguns dos principais aeroportos do país, como Sheremetyevo em Moscou, Pulkovo em São Petersburgo e Chkalov e Nizhny Novgorod. Entre os dias 5 e 7 de julho, mais de 2 mil voos foram prejudicados, 480 dos quais foram cancelados, 88 transferidos e aproximadamente 1,9 mil atrasados. Muitos passageiros ficaram presos nos terminais durante a noite. A situação causou um caos logístico que pode ter contribuído para a decisão do Kremlin de demitir o então ministro.
Apesar da gravidade da situação, o governo russo não confirmou que havia uma relação direta entre o colapso dos aeroportos e a demissão de Starovoit. O fato de os eventos terem coincidido, no entanto, alimenta especulações sobre possíveis pressões internas e uma possível responsabilização administrativa. A morte do ex-ministro lança uma nova sombra sobre o alto escalão do governo russo, que já enfrenta diversos desafios, desde os efeitos da guerra com a Ucrânia, passando pelas sanções internacionais, até a instabilidade interna.
Por Aline Feitosa | Revisão: Daniela Gentil
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