A Fox News, canal de notícias líder em audiência nos Estados Unidos, decidiu cancelar os planos de lançar uma versão brasileira da emissora, que estava prevista para estrear em 2026, com cobertura especial voltada às eleições presidenciais. A iniciativa foi abandonada após mais de um ano de tentativas frustradas de encontrar parceiros comerciais no Brasil.
Segundo informações da coluna “Outro Canal”, do F5 da Folha de S.Paulo, executivos da Fox Corporation sondaram diversos investidores locais, principalmente ligados ao agronegócio, com o objetivo de viabilizar o projeto. No entanto, o alto custo de implementação e manutenção do canal afastou os interessados. A emissora esperava atrair investidores que pudessem dividir os riscos financeiros, mas não obteve retorno satisfatório.
Outro fator decisivo foi o atual cenário do mercado brasileiro de televisão por assinatura, que já conta com pelo menos sete canais de notícias com operação ativa: GloboNews, Jovem Pan News, CNN Brasil, Record News, BandNews TV, Times Brasil/CNBC e BM&C News. Com uma oferta já bastante ampla e segmentada, a entrada de um novo player foi considerada pouco estratégica pelos executivos da empresa.
Nos Estados Unidos, a Fox News mantém uma posição consolidada, apesar da recente queda de audiência. Em 2023, o canal registrou média diária de 1,2 milhão de telespectadores, ainda liderando o segmento, mas com retração de 19% em relação a 2022. Em seguida vieram a MSNBC, com 780 mil espectadores (alta de 6,4%), e a CNN, com 479 mil (queda de 15,7%).
O projeto no Brasil fazia parte da estratégia de expansão internacional da empresa sob a liderança de Lachlan Murdoch, filho do magnata Rupert Murdoch, que assumiu o controle da Fox Corporation em 2023. Ainda assim, diante da falta de perspectivas de retorno rápido, o plano foi oficialmente engavetado. A Fox News foi procurada pela reportagem da coluna da Folha desde o dia 16 de junho, mas não respondeu aos questionamentos.
Com a decisão, o público brasileiro seguirá sem uma versão local da emissora conhecida por seu perfil conservador e sua forte presença na cobertura política norte-americana , especialmente durante os anos de governo Donald Trump.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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