O Hamas intensificou suas ações de repressão interna na Faixa de Gaza, ameaçando civis que se recusem a denunciar pessoas acusadas de colaborar com Israel. A força de segurança Radaa, ligada ao grupo, divulgou nesta quarta-feira (15) que está realizando uma “operação de segurança abrangente” para identificar e punir supostos traidores e mercenários, em meio ao processo de reorganização do poder após a primeira etapa do cessar-fogo com o Exército israelense.
Em comunicado, a Radaa declarou que essa seria a “última oportunidade” para que eventuais colaboradores se apresentem voluntariamente. “Aqueles que fornecerem informações disponíveis e retornarem ao abraço da pátria terão a chance de se redimir. Depois disso, a mão severa da justiça atingirá todos os traidores e seus protetores”, advertiu o órgão.
Nos últimos dias, confrontos violentos eclodiram entre combatentes do Hamas e grupos rivais em diferentes regiões de Gaza, especialmente na Cidade de Gaza e em Khan Younis. As tensões cresceram após a retirada parcial das tropas israelenses, o que abriu espaço para disputas internas e ajustes de poder.
Imagens divulgadas em redes sociais mostraram homens mascarados, alguns com faixas verdes do Hamas, executando prisioneiros vendados em uma praça no bairro de Al Sabra, na Cidade de Gaza. A CNN confirmou o local da gravação, mas não conseguiu verificar quando o episódio ocorreu.
O vídeo surgiu em meio a relatos de combates entre o Hamas e membros da família Doghmush, um dos clãs mais influentes da região. O grupo familiar afirma que 28 de seus integrantes foram mortos, mesmo após terem recebido promessas de segurança caso se rendessem.
No último domingo (12), o Ministério do Interior de Gaza, controlado pelo Hamas, anunciou uma anistia temporária para integrantes de gangues “não envolvidas em assassinatos e derramamento de sangue”. O perdão, segundo o comunicado, estará em vigor até 19 de outubro, como tentativa de “restabelecer a ordem” no território.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: Após cessar-fogo, Gaza recebe primeiros carregamentos de ajuda humanitária