A Itália, com a população mais envelhecida da Europa, com média de idade de 48,7 anos segundo o Eurostat, anunciou uma abertura inédita para descendentes de italianos que vivem no exterior. A medida busca enfrentar a carência de profissionais, principalmente na área da saúde, que enfrenta grave déficit de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros especialistas.
O novo mecanismo, oficializado em 24 de novembro, cria um canal especial de vistos de trabalho, sem limite numérico por país, para descendentes de italianos no Brasil, Argentina, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Venezuela e Uruguai. Com isso, esses descendentes deixam de disputar vagas dentro do tradicional decreto “flussi”, que estabelece cotas anuais de permissões de trabalho.
Atualmente, o decreto “flussi” prevê um limite de 452 mil autorizações entre 2023 e 2025, sendo 151 mil apenas em 2025, para trabalho sazonal, não sazonal e autônomo. O novo canal permite que descendentes apresentem contrato de trabalho válido e comprovem a linhagem familiar, por meio de certidões de nascimento, casamento e óbito.
A interpretação mais aceita é que a medida contempla descendentes a partir de bisnetos, já que filhos e netos de italianos nascidos com cidadania seguem processos próprios de reconhecimento. Quem não se enquadra continua sujeito às limitações do flussi, um fator relevante para o Brasil, onde estima-se haver cerca de 30 milhões de descendentes de italianos.
Outro ponto favorável aos brasileiros é que o tempo de trabalho na Itália pode ser somado às contribuições feitas no Brasil para fins de aposentadoria, graças a um acordo previdenciário bilateral.
O mesmo governo de Giorgia Meloni, atual primeira-ministra da Itália, que recentemente restringiu o reconhecimento da cidadania, dá um passo atrás ao abrir as portas para descendentes e estrangeiros. A mudança reflete a necessidade urgente de profissionais e mostra que, diante da falta de mão de obra qualificada, o país se vê novamente obrigado a flexibilizar suas regras de imigração.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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