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Jovem é morto durante ação da PM em festa junina no Rio

Moradores denunciam violência e pânico após intervenção da polícia no Morro do Santo Amaro

Uma tradicional festa junina no Morro do Santo Amaro, na Zona Sul do Rio, terminou em tragédia na madrugada do último sábado (7). O evento comunitário, que reunia cerca de 2 mil pessoas — entre elas muitas crianças e adolescentes — foi interrompido por uma operação do Bope por volta das 3h30, que resultou em pânico, feridos e na morte de um jovem de 24 anos.

Durante o tiroteio, Herus Guimarães Mendes, office boy de 24 anos e pai de um menino de dois, foi atingido no abdômen (baço), levado ao Hospital Glória em estado gravíssimo, mas não resistiu aos ferimentos. Outros cinco moradores ficaram feridos — quatro em estado estável e um em estado grave — e foram atendidos no Hospital Souza Aguiar.

Moradores descrevem cenas de desespero: crianças sendo pisoteadas na confusão, adultos buscando abrigo atrás de carros e muros. Um relato nas redes sociais diz:
“…crianças e pessoas sendo pisoteadas, pessoas chorando, pessoas que não são daqui… desesperadas, aterrorizadas.”

Moradores pedem justiça e denunciam violência policial

Após a operação, moradores do Santo Amaro se mobilizaram para exigir justiça e denunciar o uso excessivo da força pela PM. Em entrevistas, destacaram o trauma causado, especialmente entre crianças e adolescentes presentes na festa. Organizações comunitárias locais também se uniram às cobranças por responsabilização e medidas para evitar novas tragédias.

Segundo a Polícia Militar, os policiais não revidaram os ataques dos criminosos, mas enfrentaram confrontos em diferentes pontos da comunidade. Durante a ação, um homem foi socorrido no Hospital Municipal Souza Aguiar, junto com outras quatro pessoas feridas. Um homem deu entrada no Hospital Glória D’Or, onde não resistiu.

De acordo com declaração da PM, as equipes usaram câmeras corporais, cujas imagens estão sendo analisadas pela Corregedoria. O BOPE instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias da operação, registrada na 9ª DP.

Pronunciamento do Governo do Rio de Janeiro após intervenção policial no Morro do Santo Amaro

Neste domingo, 8 de junho de 2025, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se pronunciou oficialmente sobre a operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

Em nota, o governador declarou estar “triste e indignado” com o ocorrido e manifestou solidariedade à família da vítima. Ele determinou o afastamento imediato dos responsáveis pela autorização da operação, além da entrega das imagens das câmeras corporais dos policiais ao Ministério Público, visando garantir transparência nas apurações.

Castro também solicitou à Corregedoria da Polícia Militar e à Polícia Civil uma investigação rigorosa para esclarecer as circunstâncias da ação. Segundo o governador, o Estado do Rio de Janeiro deve “agir com firmeza para garantir a segurança da população, mas dentro da legalidade e com absoluto respeito à vida”.

O prefeito Eduardo Paes, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre o caso.

Ambos já se posicionaram anteriormente sobre questões de segurança pública: Castro defende o endurecimento das leis penais e critica a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que restringe operações policiais em determinadas áreas para proteger comunidades, alegando que a medida contribui para o avanço da violência. Paes também já criticou a ADPF 635, argumentando que ela prejudica a efetividade das autoridades e contribui para a sensação de impunidade na cidade.

O governo estadual tem promovido ações para reforçar a segurança, como a criação de unidades especializadas e o uso de tecnologias para monitoramento e combate ao crime. No entanto, essas iniciativas enfrentam críticas e denúncias de abusos e violações de direitos humanos, especialmente em comunidades periféricas.

Comunidade cobra respostas

Fernando, auxiliar de escritório e pai do jovem morto, desabafa emocionado sobre a tragédia:
“Estava tendo uma festa junina, todo mundo feliz, tranquila, cheia de crianças, bebês de colo, e do nada a polícia chegou, teve troca de tiros e agora, infelizmente, estou aqui com o meu filho morto. A gente precisa saber das autoridades por que eles foram numa localidade dessa perto das 4h da manhã? Um lugar cheio, muita gente. Quem autorizou? A vida do meu filho não volta, mas a gente precisa saber. Eu não acredito que os policiais não serão penalizados.”

Fernando complementa:
“Meu filho tinha 24 anos, era trabalhador, estávamos num único dia de festa junina curtindo e teve essa fatalidade. Disseram que um tiro pegou no baço, o médico tirou a bala, ressuscitaram ele, mas logo em seguida ele se foi. Estamos arrasados. Só queremos uma resposta. Que alguém nos procure e nos explique porque estavam ali, numa festa junina, sem motivo para aquilo. A vida do meu filho não volta.”

Nota de pesar do Ministério dos Direitos Humanos

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou uma nota de pesar em 7 de junho de 2025, manifestando solidariedade à família de Herus Guimarães Mendes da Conceição.

Em trechos da nota, o MDHC afirma:
“Mais uma vez, um sonho negro é interrompido pela violência que atravessa com brutalidade o cotidiano das favelas e periferias brasileiras.”

A instituição reforça a urgência de repensar as práticas de segurança pública e o papel das forças estatais em territórios historicamente vulnerabilizados, destacando a importância da educação em direitos humanos, especialmente a antirracista, para garantir respeito à vida, à dignidade e aos direitos fundamentais.

O Ministério exige a imediata e rigorosa apuração do caso, com transparência e celeridade, para que os responsáveis sejam identificados e punidos, além da adoção de medidas que previnam tragédias semelhantes, incluindo revisão de protocolos policiais em áreas residenciais e eventos comunitários.

O MDHC conclui afirmando:
“Não podemos aceitar que a presença do Estado signifique, para tantos, a ameaça constante à vida”, reforçando que é dever das instituições garantir segurança com justiça, proteção com equidade e atuação com humanidade.

Por Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil

Leia mais: Sangue é encontrado no carro de empresário morto em obra de interlagos; família suspeita de crime

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Marcia Dantas

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