A cidade de Estação, localizada na Região Norte do Rio Grande do Sul, ainda tenta compreender a tragédia que abalou a comunidade escolar na manhã da última terça-feira (8). Um adolescente de 16 anos foi apreendido após invadir a Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi e atacar alunos e uma professora com uma faca. A ação resultou na morte de uma criança de 9 anos e deixou outras duas meninas, também alunas do colégio, além de uma educadora, feridas. Na noite do mesmo dia, a Justiça decretou a internação provisória do jovem.
A decisão, amparada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), determina que o adolescente permaneça internado por 45 dias, enquanto seguem as investigações. Por envolver menores de idade, o processo corre em segredo de justiça, o que impede a divulgação de detalhes específicos do inquérito.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul solicitou que o jovem seja responsabilizado por atos infracionais equivalentes aos crimes de homicídio e tentativa de homicídio. A promotoria acompanha o caso de perto e busca entender, junto à Polícia Civil, o que teria motivado o ataque. Até o momento, não há explicações claras para o ato. O adolescente, morador de Estação, não possui antecedentes criminais, mas estava em acompanhamento psiquiátrico há mais de um ano.
Ataque planejado
De acordo com a Polícia Civil, o jovem chegou à escola por volta das 9h40 da manhã, portando uma mochila. Disse a funcionários que queria entregar um currículo e pediu para usar o banheiro. Acompanhado por um monitor, circulou pela escola até se dirigir a uma das salas de aula.
Testemunhas afirmam que ele utilizou pequenas bombas (conhecidas como bombinhas) para assustar os alunos antes de sacar uma faca e iniciar os ataques. O estudante teria procurado uma turma aleatória e, ao entrar na sala, partiu para cima das crianças. A professora da turma, ao tentar proteger os alunos, também foi atingida.
Funcionários da instituição conseguiram imobilizar o adolescente e acionaram a Brigada Militar, que efetuou a apreensão ainda no local. A escola, que atende 152 alunos, suspendeu as aulas imediatamente.
Vítima fatal e feridos
O ataque tirou a vida de Vitor André Kungel Gambirazi, de apenas 9 anos, estudante do 3º ano do ensino fundamental. O corpo foi velado na Capela Velatória Gruber, em Getúlio Vargas, cidade vizinha à Estação, e o sepultamento ocorreu nesta quarta-feira (9) no Cemitério Municipal da mesma cidade. A comoção tomou conta dos moradores, que ainda buscam forças para lidar com a dor da perda.

Outras duas meninas, também de 8 anos e colegas de Vitor, ficaram feridas. Uma delas já recebeu alta médica, enquanto a outra segue hospitalizada em Erechim. A professora atingida, uma mulher de 34 anos, também permanece em observação no mesmo hospital.
Repercussão e acolhimento
A tragédia provocou uma onda de solidariedade e consternação entre autoridades, educadores e a população da pequena Estação. A prefeitura decretou a suspensão das aulas em toda a rede municipal por tempo indeterminado e montou um espaço de acolhimento com profissionais da saúde mental para apoiar os estudantes, seus familiares e os servidores da educação.
“Estamos com toda a nossa equipe mobilizada, prestando apoio e assistência contínua a todas as famílias e à comunidade escolar neste período”, destacou a nota oficial emitida pela Administração Municipal.
Especialistas ouvidos pela imprensa reforçam que casos como este não surgem de forma repentina e exigem maior atenção à saúde mental de jovens e crianças. O histórico de acompanhamento psiquiátrico do adolescente detido levanta alertas sobre os mecanismos de prevenção e as falhas na rede de proteção.
Um luto coletivo
A cidade de pouco mais de 6 mil habitantes parou diante da violência impensável ocorrida em um espaço destinado à educação e ao cuidado. Pais e mães se revezam em vigílias emocionadas em frente à escola, que permanece fechada. Faixas, flores e mensagens de solidariedade foram deixadas no portão da instituição.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil, que busca esclarecer as circunstâncias e as possíveis motivações do ataque. O nome do adolescente não foi divulgado, conforme prevê a legislação.
Enquanto isso, Estação enfrenta o desafio de reconstruir o cotidiano escolar em meio ao luto, à dor e à perplexidade.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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