A Justiça italiana decidiu manter a deputada federal Carla Zambelli detida na prisão de Rebibbia, em Roma, enquanto aguarda a tramitação do pedido de extradição apresentado pelo Brasil.
O MD News teve acesso, com exclusividade, à decisão da Corte de Apelo de Roma, datada de 28 de agosto de 2025. O documento rejeita o pedido da defesa para substituir a prisão preventiva por medidas alternativas, que alegava motivos de saúde e ausência de risco de fuga.
Segundo os magistrados, Zambelli representa um “perigo máximo de fuga”. A Corte citou como justificativas sua viagem à Itália logo após a condenação no Brasil, a ausência de vínculos no país — incluindo a necessidade de intérprete por não falar italiano — e declarações públicas de desconfiança em relação à Justiça brasileira. O documento ainda menciona trechos de entrevista nos quais a deputada admitiu que precisaria “mudar de casa” para evitar ser localizada.
O laudo médico assinado pela perita judicial Edy Febi concluiu que as condições clínicas de Zambelli são compatíveis com a detenção. A depressão está controlada por tratamento, a síndrome de Ehlers-Danlos não apresenta risco imediato e os problemas cardíacos e gastrointestinais estão sendo acompanhados regularmente no sistema prisional.
O risco de fuga apontado pela Corte também se conecta ao histórico da parlamentar no Brasil. Em maio, Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por coordenar a invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para emitir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. Após a condenação, ela deixou o país e foi considerada foragida até ser presa na Itália, em 29 de julho. Neste mês, a deputada também recebeu nova condenação do STF por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, após perseguir um homem armada, em São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Com a manutenção da prisão, o caso de Zambelli continua cercado de incertezas. O processo de extradição pode se estender por até dois anos, e as autoridades brasileiras e italianas seguem acompanhando cada passo da tramitação.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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