O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta segunda-feira (16) rumo à província de Alberta, no Canadá, onde participará da Cúpula do G7 a convite do governo canadense. O encontro será realizado na cidade de Kananaskis, e Lula marcará presença no segmento de engajamento externo da cúpula, espaço reservado à interação entre os líderes das sete maiores economias do mundo e chefes de Estado de países convidados.
Esta será a nona vez que o chefe do Executivo brasileiro participa do evento, em um momento marcado por intensas disputas geopolíticas, instabilidade no Oriente Médio e a iminência de uma nova guerra regional. A viagem tem como foco diplomático e climático o reforço da imagem internacional do Brasil às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), que será realizada em Belém, em 2025.
A comitiva que acompanha o presidente será enxuta. Estão confirmados o chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, diplomatas e assessores ligados às áreas de energia, clima e meio ambiente. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, não acompanhará Lula nesta viagem.
Países que participarão
Além do Brasil, foram convidados os líderes da África do Sul, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia e México. Participarão também representantes de organismos multilaterais como a ONU (Organização das Nações Unidas), o Banco Mundial, a Comissão Europeia e o Conselho da União Europeia. O convite canadense reflete o crescente protagonismo do Brasil na diplomacia climática e nos fóruns multilaterais.
O que é o G7?
O Grupo dos Sete (G7) foi criado em 1975 por iniciativa do então presidente francês Valéry Giscard d’Estaing, reunindo Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Desde então, o grupo vem se consolidando como um fórum estratégico para debater temas de interesse global. Neste ano, o foco principal será a segurança energética com ênfase em inovação tecnológica, diversificação de fontes, investimentos sustentáveis e preservação ambiental, além da prevenção de desastres naturais como incêndios florestais.
A cúpula, no entanto, acontece em um dos contextos mais tensos das últimas décadas. A guerra entre Rússia e Ucrânia se arrasta há mais de dois anos, sem sinais de resolução. Em paralelo, o Oriente Médio enfrenta uma escalada crítica: os ataques recentes de Israel contra o Irã abriram um novo front de tensão internacional. O bombardeio israelense a instalações militares em Teerã foi respondido com uma ofensiva iraniana inédita, ampliando o temor de uma guerra regional de grandes proporções.
Especialistas apontam que o confronto direto entre Irã e Israel representa um divisor de águas no equilíbrio do Oriente Médio. Enquanto Israel afirma agir contra ameaças nucleares e bases de grupos aliados ao Irã, como o Hezbollah, o governo iraniano acusa Tel Aviv de violações do direito internacional e ameaça retaliar de forma “devastadora”. O envolvimento de potências ocidentais, como Estados Unidos e Reino Unido, em apoio militar a Israel, torna o cenário ainda mais delicado e arriscado.
Posicionamento de Lula
Para o presidente Lula, os conflitos no Oriente Médio ultrapassam os limites da guerra convencional. Ele tem reiteradamente classificado a ofensiva israelense em Gaza como um genocídio, destacando o massacre de civis, especialmente mulheres e crianças. Sua postura crítica à omissão de organismos internacionais deve ser reforçada durante o G7, quando Lula deve propor reformas estruturais na governança global e denunciar a seletividade da diplomacia ocidental.
“A participação do presidente Lula na reunião do G7 é muito importante, porque nós teremos a COP 30 no Brasil. É uma oportunidade para que o presidente possa falar da organização da COP 30 e convidar os outros líderes para que venham ao Brasil. E o tema principal de discussão do G7 têm uma ligação direta com o que será tratado na conferência em Belém”, destacou o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
A presença do Brasil no G7 também reforça sua projeção internacional. Em 2025, Lula já realizou cinco viagens oficiais ao exterior, visitando Uruguai, Rússia, China, França e agora o Canadá, somando ao menos 18 dias de compromissos internacionais neste ano. Desde o início do mandato, já são 34 países visitados e 46 viagens internacionais, totalizando mais de 100 dias fora do país em compromissos de Estado.
A reunião das potências acontece, ainda, sob o pano de fundo da emergência climática global. As metas firmadas em acordos internacionais seguem sendo descumpridas, e as nações mais industrializadas falham em garantir os recursos prometidos para o financiamento climático. Lula deve aproveitar o espaço para convocar os países desenvolvidos a assumir suas responsabilidades históricas, defendendo a criação de um novo modelo de desenvolvimento justo e sustentável.
O Brasil, que presidirá a COP 30, pretende usar o encontro no Canadá como um ensaio para sua liderança climática, apresentando suas políticas de transição energética, preservação da Amazônia e geração de energia limpa como exemplo global.
Com a intensificação dos conflitos armados, o agravamento da crise climática e o enfraquecimento das instituições multilaterais, o G7 representa uma oportunidade crucial para repensar os rumos do planeta. Em um mundo em fragmentação, o Brasil se posiciona como voz ativa pela paz, pela justiça ambiental e pelo multilateralismo renovado.
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Por Alemax Melo I Revisão: Lorrayne Rosseti
