Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento preocupante nos casos de violência sexual contra jovens. Segundo relatório do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), da Secretaria de Saúde, entre 2015 e 2021 foram notificados 202.948 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no país. O ano de 2021 foi o pior do período, com 35.196 notificações, número que revela não só o agravamento do problema, mas também a crescente visibilidade dos casos.
O mês de maio é marcado pela campanha Maio Laranja, que tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância do combate ao abuso e à exploração sexual infantil e juvenil. Essa campanha reforça a necessidade de ações contínuas de prevenção, proteção e acolhimento das vítimas, além da mobilização para o fortalecimento das redes de apoio e dos mecanismos legais.
No cenário brasileiro, os números alarmantes indicam que a violência sexual contra crianças e adolescentes não é apenas um problema urbano, mas também atinge com força as regiões mais remotas e culturalmente diversas do país. A desigualdade social, o déficit de políticas públicas e a dificuldade de acesso a serviços essenciais agravam essa realidade, especialmente em comunidades vulneráveis.
Um exemplo significativo dessa complexidade é a situação na Ilha do Marajó, no estado do Pará. Essa região, famosa por sua riqueza natural e cultural, enfrenta desafios específicos no combate à violência sexual. O isolamento geográfico, aliado à precariedade dos serviços públicos e à vulnerabilidade socioeconômica das comunidades locais, contribui para que muitos casos permaneçam invisíveis ou sem o devido atendimento.
A Ilha do Marajó é a maior ilha fluviomarinha do mundo e possui uma diversidade cultural que reflete a história e a identidade do Norte do Brasil. Contudo, essa diversidade contrasta com a fragilidade das redes de proteção aos direitos das crianças e adolescentes. As vítimas muitas vezes não têm acesso fácil à denúncia, atendimento psicológico ou acompanhamento legal, o que perpetua o ciclo de violência.
Para enfrentar essa situação, é fundamental a articulação entre políticas públicas, iniciativas da sociedade civil e investimentos em infraestrutura e capacitação. Campanhas educativas adaptadas às realidades locais, capacitação de profissionais da saúde, educação e segurança, além do fortalecimento dos canais de denúncia, são essenciais para garantir a proteção e o resgate dos direitos das vítimas.
No Brasil, o Maio Laranja simboliza um compromisso nacional de enfrentar a violência sexual contra jovens de forma integrada e eficiente. O aumento expressivo dos casos denuncia falhas na prevenção e na rede de apoio, mas também indica a importância de ampliar o debate e investir em ações concretas para reduzir esses índices.
Além do combate direto à violência, é necessário promover uma educação que valorize os direitos humanos e a sexualidade saudável desde a infância, fortalecendo a consciência crítica de crianças, jovens e famílias. Somente com um esforço conjunto entre governo, sociedade civil e comunidades será possível garantir um futuro mais seguro e digno para as novas gerações.
A violência sexual é uma grave violação dos direitos humanos e um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes. Enfrentar esse desafio é uma responsabilidade coletiva e urgente para que o Brasil possa construir uma sociedade justa, onde todas as crianças e jovens possam crescer protegidos e livres de medo.
Onde denunciar:
A população pode e deve denunciar casos de abuso ou exploração sexual infantil. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos seguintes canais:
Disque 100 (Disque Direitos Humanos) – funciona 24 horas, inclusive finais de semana e feriados.
Delegacias Especializadas (em crimes contra crianças e adolescentes, nos estados).
Conselhos Tutelares (em cada município).
Aplicativos como o “Proteja Brasil”, desenvolvido pelo UNICEF e parceiros.
Delegacias Online, disponíveis em muitos estados.
Denunciar é um ato de proteção e responsabilidade social.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil