Nem o tão celebrado passaporte vermelho livrou Carla Zambelli da cadeia. A deputada que se dizia “intocável” na Europa por ser cidadã italiana agora está presa e sem qualquer privilégio. Ela está detida no presídio feminino de Rebibbia, em Roma, onde 371 mulheres ocupam um espaço projetado para apenas 272. É a maior penitenciária feminina da Itália, marcada por superlotação e estrutura precária, reflexo da crise no sistema prisional do país.
Zambelli chegou à Itália no início de junho, sem ser interceptada, já que o alerta da Interpol ainda não havia sido emitido localmente. Ficou foragida por quase dois meses até ser localizada em um apartamento na capital após uma denúncia feita por um deputado italiano. A prisão foi realizada no dia 29 de julho em uma operação conjunta entre autoridades italianas, Polícia Federal brasileira e Interpol.
Na audiência de custódia, a Justiça italiana rejeitou o argumento de entrega espontânea e decidiu manter a prisão preventiva enquanto o processo de extradição solicitado pelo Brasil segue em análise. Já em solo europeu, Zambelli chegou a afirmar que teria respaldo legal por ser ítalo-brasileira. Mas a estratégia falhou. Até agora, a cidadania italiana não lhe garantiu qualquer tratamento diferenciado nem impediu a permanência na prisão.
De acordo com a legislação italiana, o processo de extradição pode levar de um ano e meio a dois anos. Ele tramitará por duas instâncias: a Corte de Apelação de Roma e a Corte de Cassação. A palavra final caberá ao ministro da Justiça da Itália em uma decisão de natureza política. Em entrevista recente, o embaixador do Brasil em Roma, Renato Mosca, declarou que confia na Justiça italiana.
Enquanto isso, no Brasil, a Câmara dos Deputados poderá iniciar a tramitação para cassação do mandato de Zambelli a partir de agosto com base na decisão do Supremo Tribunal Federal.
*As opiniões contidas nessa matéria não refletem necessariamente a opinião do MD News.
Por David Gonçalves, correspondente MD na Itália
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