Morreu nesta quinta-feira (1), a cantora Nana Caymmi, aos 84 anos. Considerada uma das melhores intérpretes da música brasileira, Nana enfrentava desde o ano passado alguns problemas de saúde devido a uma arritmia cardíaca e outras complicações.
A causa de sua morte foi falência múltipla dos órgãos, segundo sua assessoria de imprensa. A cantora carioca estava internada na clínica São José, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Em vídeo publicado no Instagram, Danilo Caymmi lamentou a morte de sua irmã: “Estamos na família muito chocados e tristes. Ela passou nove meses de sofrimento na UTI, um processo muito doloroso, de várias comorbidades. O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu de sentimento, de tudo”.
Uma vida dedicada à música com emoção e intensidade
Filha mais velha do cantor e compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, Nana Caymmi sempre teve o prestígio e o respeito da MPB, por carregar forte personalidade em suas músicas. Dona de uma discografia com extrema coerência na seleção de repertório, arranjadores e produtores musicais, Nana deixa um verdadeiro legado de resistência à indústria musical, visto que, ao contrário de muitos artistas em busca de hits, a cantora, fugiu de fórmulas, e optou por construir uma carreira coerente e fiel a sua identidade.
Iniciou sua trajetória em 1960, ao gravar Acalanto (1957), canção composta por seu pai em sua homenagem, além de gravar, também, seu primeiro disco solo neste mesmo ano. Esse foi só o começo de longos e bem construídos mais de 60 anos de carreira. Nana possui uma discografia sofisticada, repleta de canções emblemáticas como Resposta ao Tempo (1998), clássico escrito por Cristóvão Bastos e Aldir Blanc; Medo de Amar (1975), sucesso de Vinicius de Moraes; A Noite do Meu Bem (1994), de Dolores Duran; e Não Se Esqueça de Mim (1998), com participação de Erasmo Carlos.
Ao longo de sua carreira, trafegou pelo samba-canção e bolero, e destacou-se por interpretações marcantes e repletas de emoção. Além disso, sua voz marcou presença em trilhas sonoras de novelas e minisséries, como Hilda Furacão (1998) e Suave Veneno (1999), o que ampliou ainda mais sua popularidade.
“Lá no céu deixam de cantar / os anjinhos foram se deitar / mamãezinha precisa descansar / dorme, anjo, papai vai te ninar”, cantava lindamente Nana Caymmi, que hoje, ao fim de sua trajetória, permanece na história como uma artista que soube transformar o silêncio, o gesto e a palavra em música – e, como nessa cantiga, nos convida agora a repousar em sua memória.
Por Yasmin Barreto | Revisão: Camilly Barros