As alterações no clima de diversas regiões do Brasil exigem ações urgentes
Um estudo recente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação apontou que a probabilidade de chuvas extremas dobrou no Sul do Brasil devido às mudanças climáticas. Esse dado é reforçado por análises do WWF Brasil, que mostram que o aquecimento no Brasil já é superior à média global, o que intensifica tanto secas no Norte quanto inundações no Sul e Sudeste.
Em outras palavras, o que vemos nas capitais é apenas uma amostra da complexidade e urgência da crise ambiental. A seguir, veja um resumo dos impactos gerados em todas as regiões do Brasil:
São Paulo e Brasília: extremos no coração do país
Em dezembro de 2023, São Paulo registrou apenas 95,9 mm de chuva, ficando 59% abaixo da média esperada para o mês, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). No acumulado anual, a cidade também ficou 15% abaixo da média histórica, refletindo a tendência de estiagens prolongadas intercaladas com eventos extremos de alagamento.
Já em Brasília, os meses do verão 2023-2024 trouxeram 9% a mais de chuva que o esperado. A capital federal teve 678,1 mm de chuva, contra uma média de 621,7 mm. O aumento, embora pareça positivo, revela um desequilíbrio: as chuvas caíram em períodos concentrados, dificultando a absorção pelo solo e ampliando o risco de erosões.
Nordeste: alternância entre seca e excesso
As capitais nordestinas também sentem os efeitos do clima instável. Em Salvador, maio de 2024 fechou com 276,4 mm de chuva, 9% abaixo da média histórica. Já Fortaleza registrou, em março de 2024, 458,8 mm de precipitação, um volume 36% acima do normal. A irregularidade no regime de chuvas afeta diretamente o abastecimento, o setor agrícola e a segurança das comunidades urbanas e costeiras.
Capitais amazônicas sofrem com o desequilíbrio climático
O Norte do Brasil, historicamente marcado por altos volumes de chuvas, vive um cenário cada vez mais imprevisível. Manaus sofreu em 2023 com uma das maiores secas de sua história, impactando diretamente a navegação nos rios e o abastecimento de água. O calor extremo e a fumaça das queimadas agravaram o cenário.
Em Belém, pancadas intensas intercaladas com períodos secos têm sido cada vez mais frequentes, alterando padrões tradicionais da região. Especialistas apontam a ação conjunta do El Niño e do desmatamento como agravantes.
Já em Porto Velho, o colapso hídrico se tornou realidade. Os rios Madeira e Guaporé atingiram níveis críticos em 2023, afetando comunidades ribeirinhas e o fornecimento de energia elétrica.
O que podemos (e devemos) fazer?
O Brasil vive uma encruzilhada climática que exige respostas urgentes. Ações fundamentais incluem:
- Preservar os biomas, principalmente a Amazônia;
- Investir em infraestruturas resilientes ao clima nas cidades;
- Estimular a educação ambiental em todos os níveis;
- Fortalecer o monitoramento e a previsão climática com dados abertos e acessíveis.
As chuvas mudaram. O clima também. Agora, é nossa vez de mudar a postura frente a essa
nova realidade.
Por: Joshua Perdigão | Revisão: Thaisi Carvalho