Carolina Arruda, de 28 anos, convive há 12 anos com a neuralgia do trigêmeo, considerada ‘a pior dor do mundo’, e chamou atenção nas redes sociais ao compartilhar sua luta e os desafios do tratamento da doença. Fundadora da Associação Neuralgia do Trigêmeo Brasil, ela busca apoiar outras pessoas que enfrentam a mesma condição. Ganhou ainda mais destaque ao abrir uma vaquinha online para morte assistida, prática legal em alguns países que permite a interrupção da própria vida com acompanhamento médico em casos de sofrimento intenso e incurável.
Agora a história de Carolina ganha um novo capítulo: ela iniciou um tratamento experimental no Brasil com cetamina. Segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas (MG) e chefe da equipe que acompanha a paciente, a cetamina é usada como anestésico e indicada para casos de dor crônica de difícil controle e depressão grave resistente a outros tratamentos. O medicamento bloqueia receptores no sistema nervoso que amplificam os sinais de dor.
A aplicação é feita por infusão venosa em ambiente hospitalar, já que a cetamina pode causar alterações na pressão, nos batimentos cardíacos, na respiração, além de tontura, náuseas, alucinações ou sensação de “estar fora do corpo”.
Estudos mostram que a cetamina pode aliviar a dor, reduzir o uso de opioides e melhorar o humor, mas é indicada apenas para pacientes selecionados, sempre sob supervisão de profissionais especializados, garantindo segurança e eficácia, explica Barros.
O médico também explicou que talvez seja realizada uma técnica de congelamento do nervo, mas que ainda está em fase de estudo: “Vamos avaliar a possibilidade”.
O que é a neuralgia do trigêmeo?
A neuralgia do trigêmeo é considerada a pior dor do mundo e provoca choques intensos na região do rosto. O nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade tátil, térmica e dolorosa da face, possui três ramificações: oftálmica, maxilar e mandibular, e controla as sensações do rosto.
A cetamina é usada desde a década de 1960 como anestésico para procedimentos cirúrgicos e, a partir do final dos anos 1990, começou a ser estudada como alternativa para tratar depressão resistente, quando outros antidepressivos não são eficazes.
A família, em última atualização, informou que o procedimento de Carolina foi bem-sucedido. Segundo os médicos, ela pode permanecer até cinco dias em coma induzido, dependendo da evolução. Nas redes sociais, recebeu diversas mensagens de apoio e incentivo, reforçando a atenção para alternativas de tratamento de dores crônicas severas.
Por: Kátia Gomes | Revisão: Laís Queiroz
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