Um grupo de mulheres do Reino Unido realizou, na última semana, uma experiência curiosa: todas trocaram o gênero na plataforma, alterando o perfil de feminino para masculino, mudando os pronomes de “dela/ela” para “ele/dele”, ajustando os nomes para versões masculinas e adotando um discurso mais bro-coded, ou seja, alinhado à comunicação considerada “masculina”. Elas relatam que houve um aumento imediato no engajamento das publicações, no número de impressões e no alcance geral.
Nos últimos meses, o LinkedIn tem acumulado reclamações de usuárias que alegam favorecimento do algoritmo para perfis masculinos. A diferença fica evidente quando se comparam mulheres com milhares de seguidores a homens com audiências muito menores — em muitos casos, nem mesmo o tamanho do público feminino é suficiente para impulsionar alcance ou engajamento.
Impacto imediato no engajamento
Uma das participantes relatou os resultados ao The Guardian e apresentou números expressivos após mudar seu nome de Simone Bonnet para “Simon E.”. Segundo ela, as visualizações do perfil aumentaram 1600% e as impressões das publicações subiram 1300%. “São estatísticas de alcance loucas”, afirmou Bonnet.
Em resposta, o LinkedIn negou qualquer discriminação e afirmou que o algoritmo funciona como em outras redes sociais, combinando desempenho das publicações e inteligência artificial para distribuir conteúdo conforme os interesses dos usuários.
Cindy Gallop, integrante do grupo, diz que a plataforma apenas reproduz “as dificuldades que as mulheres vivem no mercado de trabalho” — agora em formato digital.
Dados que expõem a disparidade
Cindy e Jane, que juntas somam mais de 154 mil seguidores, participaram da experiência ao lado de Matt Lawton (menos de 9 mil seguidores) e Stephen McGinnis (cerca de 700). Os quatro publicaram exatamente o mesmo conteúdo. Ainda assim, os resultados revelaram um contraste marcante: Cindy, com mais de 137 mil seguidores, teve apenas 801 visualizações; Jane, com 17 mil, alcançou 1.327. Já Matt chegou a 10.409 visualizações, enquanto Stephen obteve 328.
Outras mulheres repetiram o experimento e relataram percepções semelhantes. Uma delas, Felice Ayling, publicou: “Disse ao LinkedIn que era um homem e as minhas impressões duplicaram.”
Desde então, Cindy Gallop tem se tornado uma das principais vozes de enfrentamento ao algoritmo do LinkedIn, unindo-se a Felice e outras profissionais na denúncia do sexismo presente na rede social.
Por Daniela Gentil | Revisão: Redação MD News
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