O Papa Leão XIV deu início oficialmente ao seu pontificado neste domingo (18), com uma missa solene celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, diante de uma multidão de fiéis, religiosos e chefes de Estado vindos de diversas partes do mundo. Em sua primeira homilia como líder da Igreja Católica, o pontífice fez um apelo pela preservação da tradição e, ao mesmo tempo, conclamou a instituição a encarar os desafios do século XXI com abertura, humildade e coragem.
“Devemos permanecer enraizados na nossa fé e história, sem nos tornarmos insulares ou fechados ao mundo que clama por justiça, solidariedade e esperança”, declarou Leão XIV, sob fortes aplausos dos presentes. Em um discurso firme e sereno, ele reforçou que seu papado buscará equilíbrio entre a continuidade doutrinária e a responsabilidade de responder aos problemas urgentes da atualidade.
O novo papa foi direto ao abordar questões que dividem fiéis e clérigos, criticando a instrumentalização da fé para fins políticos ou ideológicos. “Não há espaço para propaganda religiosa ou jogos de poder no futuro da Igreja”, afirmou, sinalizando uma gestão centrada no diálogo e no testemunho do Evangelho.
Leão XIV também ecoou a crítica de seu antecessor, o Papa Francisco, ao atual modelo econômico global, classificando-o como “um sistema que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”. Segundo ele, a Igreja deve ser “voz profética diante das injustiças” e não “cúmplice do silêncio”.
Uma das falas que mais chamaram atenção durante a homilia foi a crítica à centralização do poder dentro da própria estrutura do Vaticano. O pontífice afirmou que pretende conduzir a Igreja “sem nunca ceder à tentação de ser um autocrata”, em clara referência a debates internos sobre reforma da Cúria Romana e maior participação dos bispos nas decisões globais da Igreja.
Especialistas veem essa declaração como um gesto importante em favor da colegialidade episcopal, que visa descentralizar decisões e valorizar as conferências episcopais regionais. “O papa está dizendo, logo de início, que não quer governar sozinho. Isso é um recado forte para dentro e para fora”, avaliou um teólogo presente na celebração.
O simbolismo do Anel do Pescador e do Pálio Papal
Durante a cerimônia, Leão XIV recebeu duas das mais tradicionais insígnias papais: o Anel do Pescador e o Pálio Papal símbolos profundos da autoridade e da missão espiritual do pontífice.
Visivelmente emocionado, Robert Prevost nome de batismo do novo papa recebeu o Anel do Pescador sob aplausos dos fiéis. O anel, que remonta a São Pedro, primeiro papa e pescador de profissão, carrega um profundo simbolismo de serviço. Segundo a tradição, o anel é destruído após a morte de cada papa, como sinal do fim de seu ministério.
No caso de Leão XIV, fontes ligadas ao Vaticano indicam que o anel foi confeccionado a partir de materiais reaproveitados, remetendo à ideia de um pontificado sóbrio, consciente e voltado para a sustentabilidade temas recorrentes em seu discurso.
O Pálio Papal também foi entregue durante a missa. Trata-se de uma faixa de lã branca, adornada com seis cruzes pretas e três alfinetes de ouro que simbolizam os cravos da crucificação de Cristo. Usado sobre os ombros, o pálio representa a função pastoral do papa como “bom pastor” que carrega a ovelha sobre os ombros um sinal claro de cuidado, sacrifício e entrega.
A lã utilizada na confecção da peça vem de cordeiros abençoados na festa de Santa Inês e tecida por religiosas. A entrega do Pálio reafirma a comunhão entre o bispo de Roma e os demais arcebispos ao redor do mundo.
Com essa celebração, Leão XIV inaugura uma nova etapa da história da Igreja Católica, marcada por grande expectativa interna e externa. Em tempos de polarização, crises ambientais, conflitos armados e avanço das tecnologias que desafiam a ética e a fé, a Igreja se vê chamada a oferecer respostas que sejam ao mesmo tempo fiéis ao Evangelho e compreensíveis para o mundo atual.
Por Alemax Melo I Revisão: Lais Queiroz