A Capela Sistina foi o cenário da primeira missa pública do novo pontífice nesta sexta-feira (9), um dia após sua eleição como líder da Igreja Católica. A cerimônia, reservada aos cardeais eleitores, marcou a estreia litúrgica de Robert Francis Prevost como papa — que assume oficialmente o cargo no próximo dia 18 de maio.
Em sua homilia, ele surpreendeu pela clareza do discurso e pela força da mensagem: “A Igreja deve ser a lâmpada acesa nas noites mais escuras da humanidade.” A frase — proferida diante de ícones sagrados que atravessaram séculos no coração do Vaticano — sintetiza a visão de uma Igreja ativa, visível e presente nos dilemas do mundo moderno.
Aos 69 anos, Prevost — com raízes nos Estados Unidos e experiência missionária no Peru — demonstra desde o primeiro gesto disposição para romper com o silêncio diplomático e empurrar a Igreja para uma atuação mais firme diante das crises sociais, das guerras e da desilusão espiritual contemporânea.

Imagem: Vaticano News
Durante a missa, o papa falou ainda sobre o “ateísmo prático” que domina a sociedade atual — aquele em que Deus é ignorado no cotidiano. E fez um apelo direto à união e ao testemunho: “Não é tempo de esconder a luz de Cristo”, afirmou. Ele convocou os fiéis a assumirem uma fé alegre e corajosa — que seja sinal de esperança em tempos marcados pela violência, desigualdade e desconfiança.
A escolha do nome Leão XIV é carregada de simbolismo. O último papa com esse nome — Leão XIII — entrou para a história por abrir a Igreja à questão social no século XIX, com a encíclica Rerum Novarum, que defendeu os direitos dos trabalhadores. Ao adotar esse nome, Prevost sinaliza uma linha pastoral centrada no compromisso com os marginalizados e com a justiça social.
Com a posse marcada para o dia 18 de maio, cresce a expectativa sobre os rumos que o novo pontífice imprimirá ao seu pontificado. Se a primeira homilia serve de termômetro, ele parece determinado a intensificar o engajamento da Igreja diante das sombras do mundo atual — não rompendo com o legado de Francisco, mas dando-lhe um novo impulso, mais direto e combativo.
Por David Gonçalves, Correspondente Internacional