Após ser indiciado por associação ao tráfico de drogas, resistência à prisão e suposta ligação com o Comando Vermelho, o rapper Oruam, de 23 anos, se entregou à Polícia Civil do Rio de Janeiro na tarde desta terça-feira (22). Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, seu nome de batismo, chegou acompanhado de advogados, da mãe e da namorada.
A prisão preventiva do artista foi decretada pela Justiça após representação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Ele é acusado de interferir em uma operação policial que visava apreender um menor foragido em sua casa, no bairro Joá, Zona Oeste do Rio.
Pouco antes de se apresentar, Oruam publicou um vídeo nas redes sociais afirmando:
> “Todos que gostam de mim, vou me entregar, tropa. Não sou bandido. Vou provar que não sou bandido e vou dar a volta por cima, vencer através da minha música. Amo muito vocês, meus fãs. Vou voltar, tropa.”
Investigação
De acordo com a Polícia Civil, Oruam teria tentado impedir a apreensão de um adolescente de 17 anos conhecido como Menor Piu, suspeito de integrar o tráfico de drogas e considerado um dos maiores ladrões de veículos do estado. Ele também é apontado como segurança do traficante Doca, chefe do Comando Vermelho no Complexo da Penha.
Durante a operação, o rapper e aliados teriam atirado pedras contra os policiais, danificado viaturas e agredido um agente. O menor acabou fugindo da viatura descaracterizada. Em meio ao confronto, Oruam publicou em suas redes sociais: “Quem tiver de moto brota no Joá. Me ajuda, eles estão aqui na minha porta”.
A polícia também divulgou um vídeo em que o artista aparece no Complexo da Penha desafiando os agentes:
> “Me pegar aqui dentro do complexo? Não vai me pegar, sabe por causa de quê? Que vocês peida!”, disse.
Crimes imputados
Oruam foi indiciado por seis crimes:
* Tráfico de drogas
* Associação para o tráfico
* Lesão corporal
* Resistência qualificada
* Dano ao patrimônio público
* Desacato
A investigação aponta ainda indícios de envolvimento do artista com o Comando Vermelho e com seu pai, o traficante Marcinho VP, que cumpre pena em presídio federal.
Antecedentes
Em fevereiro deste ano, Oruam foi preso em flagrante por abrigar o traficante Yuri Pereira Gonçalves, foragido da Justiça, e por portar uma pistola 9 mm com kit-rajada. Ele foi liberado no mesmo dia. Também é investigado por disparos de arma de fogo em um condomínio de São Paulo, no fim de 2023.
O rapper ostenta tatuagens em homenagem ao pai, Marcinho VP, e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.
Até o momento, a defesa de Oruam afirma que ainda não teve acesso completo ao inquérito e, por isso, não irá se manifestar publicamente sobre as acusações.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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