O novo secretário-geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, fez um forte alerta nesta quarta-feira (15) durante uma sessão no Congresso dos Estados Unidos: Brasil, China e Índia podem ser alvos de sanções secundárias caso continuem mantendo relações comerciais com a Rússia.
A OTAN é uma aliança militar formada por 31 países da América do Norte e Europa, com o objetivo de garantir a segurança coletiva entre seus membros. Segundo Rutte, países que não estão diretamente envolvidos na guerra da Ucrânia, mas que continuam apoiando economicamente Moscou, poderão sofrer penalidades severas.
“Se a Rússia não levar a sério as negociações de paz, em 50 dias ele aplicará sanções secundárias a países como Índia, China e Brasil. Meu incentivo para esses 3 países em particular é que você pode querer dar uma olhada nisso, porque pode te atingir muito forte. Então, por favor, ligue para Putin e diga a ele que ele precisa levar a sério os acordos de paz, porque, caso contrário, isso vai acontecer no Brasil, na China e na Índia”, disse Rutte.
As sanções secundárias são medidas impostas a empresas ou governos que negociam com países que já estão sob sanções principais, como é o caso da Rússia desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022.
Trump endurece tom contra Moscou
O discurso de Rutte ocorre um dia após o ex-presidente Donald Trump, que busca retornar à presidência, ameaçar impor tarifas de 100% sobre produtos russos exportados a países que não apoiarem um acordo de paz em até 50 dias. Ele afirmou que o comércio pode ser uma ferramenta para “resolver guerras” e se declarou “muito insatisfeito” com o governo de Vladimir Putin.
No mesmo encontro com Rutte na Casa Branca, Trump também anunciou o envio de novos armamentos à Ucrânia, incluindo sistemas antimísseis Patriot, os mais avançados do Ocidente. Parte do material, segundo ele, deve ser entregue ainda nesta semana, com apoio de aliados da OTAN.
Apesar das diversas sanções econômicas impostas a Moscou, os EUA mantêm algumas transações com a Rússia. Em 2024, o comércio entre os dois países somou US$ 3,5 bilhões, com destaque para fertilizantes, metais e combustível nuclear.
A nova ofensiva diplomática busca ampliar o cerco internacional à Rússia, pressionando inclusive países que integram o grupo BRICS, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que mantêm cooperação econômica com Moscou.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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