De acordo com dados da Pesquisa TIC Domicílios, divulgada nesta terça-feira (9), realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), cerca de 50 milhões de brasileiros usam a inteligência artificial generativa. As informações desse estudo foram coletadas, entre março e agosto de 2025, em 27.177 municípios e com participação de 24.535 cidadãos.
O número equivale a 32% de pessoas com acesso à internet no país. Porém, a ferramenta é mais utilizada pelas classes mais ricas e com ensino superior, revelando uma grande desigualdade e desafios na inclusão digital.
Confira os dados:
- 69% de pessoas que usam IA são da classe A, e 59% possuem diploma da universidade;
- Em contraste, 16% que utilizam IA são das classes D e E; apenas 17% têm ensino fundamental completo.
“A expansão da IA evidência os desafios da inclusão digital no Brasil. O acesso à tecnologia não basta se a conectividade for limitada, ou faltarem habilidades digitais. Esse cenário indica que os benefícios da IA, como ganhos de produtividade e novas formas de aprendizado, podem continuar concentrados nos grupos que, historicamente, já possuem mais oportunidade”, afirma Fabio Storino, coordenador da pesquisa.
Internet móvel e fixa
A desigualdade vai além da IA, mais de 64 milhões de brasileiros, cerca de 39% das pessoas que possuem celular afirmaram que o pacote de dados acabou, pelo menos, uma vez nos últimos três meses. Isso equivale a 52% dos usuários com planos pré-pagos, que geralmente é a modalidade mais comum entre a população de baixa renda (61% das classes D e E).
Já a internet fixa teve um aumento de três pontos percentuais em relação a 2024, subindo de 71% para 76%. Atualmente, 86% dos lares têm acesso à banda larga fixa.
Outras utilizações na internet
Pix: 75% dos usuários usam ferramenta de transação financeira digital. Mas, praticamente 98% são da classe A, e essa porcentagem cai em 60% entre as pessoas das classes D e E.
Governo digital: 71% dos indivíduos, de 16 anos ou mais, acessaram em 2025 a plataforma Gov.br, sistema eletrônico do governo. Segundo o levantamento, 56% de pessoas na faixa etária citada usaram para:
- 49% realizaram serviços próprios;
- 18% usaram para outros fins;
- 12% ajudaram outras pessoas.
Apostas online: 30 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais, cerca 19% dos clientes de internet, fizeram apostas online, principalmente as esportivas.
- 25% foram homens; 12% nas apostas esportivas;
- 14% foram mulheres; 2% nas apostas esportivas.
“Vemos revelado um número que considero bastante alarmante: temos cerca de 30 milhões de pessoas acima dos 10 anos que já realizaram algum tipo de aposta online. Esse dado geral, e outros mais específicos coletados, reforçam a urgência em se estabelecer mecanismos regulatórios e de literacia digital mais robustos sobre os riscos que envolvem a prática de jogos e apostas no meio digital”, afirma Renata Mielli, coordenadora do CGI.br.
Por Pietra Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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