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Pobreza na primeira infância ameaça o futuro de milhões de crianças brasileiras

A pobreza infantil no Brasil é concentrada no Norte e Nordeste; dados apontam que crianças pobres têm menos chances de desenvolvimento pleno

A pobreza na primeira infância segue sendo uma ferida aberta no coração do Brasil. Nos rincões mais esquecidos do país, onde o acesso à água potável, alimentação de qualidade e serviços básicos ainda é um luxo, milhões de crianças vivem uma infância roubada antes mesmo de completarem cinco anos de idade.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 32% das crianças brasileiras de 0 a 5 anos vivem em situação de pobreza. O dado se torna ainda mais alarmante quando recortado por região: no Maranhão, mais de 60% das crianças pequenas estão abaixo da linha da pobreza. No Piauí, Alagoas, Pará e Acre, os índices também ultrapassam os 50%, revelando uma tragédia silenciosa, mascarada pela normalização da miséria.

Entre os estados com maior incidência de pobreza infantil, destacam-se:

Maranhão: 63,4% das crianças vivem em domicílios com renda per capita inferior a meio salário mínimo.

Alagoas: 58,9% das crianças de 0 a 5 anos estão em situação de pobreza.

Piauí: 57,2% das crianças pequenas sofrem com privações socioeconômicas severas.

Pará: 54,6% das crianças vivem em áreas com alto déficit de saneamento e renda.

Acre: 52,8% das crianças estão abaixo da linha da pobreza.

Amazonas e Amapá também registram índices superiores a 50%.

Essas estatísticas ganham ainda mais relevância com o lançamento do livro “Ciência da Primeira Infância” (Edgard Blücher, 2025), coordenado pelo economista Naercio Menezes Filho. A obra reúne estudos de diversos especialistas e reforça aquilo que organizações sociais e pesquisadores vêm alertando há décadas: as desigualdades no Brasil começam antes mesmo de o bebê nascer. Fatores como a escolaridade dos pais, a renda familiar, a cor da pele, o local de moradia e o acesso a serviços de saúde e educação definem, com precisão assustadora, o futuro de uma criança.

É uma loteria injusta onde o CEP de nascimento é mais determinante que qualquer esforço individual. No sertão nordestino, por exemplo, ainda há municípios onde o índice de mortalidade infantil se aproxima de níveis observados em países em guerra. Crianças morrem de doenças preveníveis, por desnutrição, por falta de atendimento médico básico.

Além disso, a pobreza na primeira infância impacta diretamente o desenvolvimento cognitivo. Estudos apontam que crianças pobres chegam ao ensino fundamental com vocabulário e capacidade de concentração muito abaixo do ideal, dificultando sua permanência e aprendizado na escola. E esse atraso, muitas vezes, é irreversível.

“O que a criança não desenvolve nos primeiros anos de vida dificilmente será recuperado depois. A infância é uma janela de oportunidades que, se perdida, compromete o resto da trajetória”, destaca Menezes Filho. O livro aponta que cada real investido na primeira infância tem um retorno social até sete vezes maior do que se investido em fases posteriores da vida.

Enquanto isso, programas sociais são insuficientes e muitas vezes ineficazes. O Bolsa Família, embora essencial, ainda não cobre todas as necessidades das famílias em situação de vulnerabilidade. A falta de creches públicas e políticas efetivas de atenção à saúde infantil nos estados mais pobres amplia o fosso entre as crianças do Norte e Nordeste e aquelas do Sul e Sudeste.

Segundo a Fundação Abrinq, mais de 3 milhões de crianças brasileiras vivem em moradias sem saneamento básico. Destas, a maioria está concentrada nas regiões Norte e Nordeste. A falta de infraestrutura e o abandono de políticas públicas tornam essas regiões territórios marcados pela exclusão desde o berço.

A primeira infância deveria ser o momento de maior proteção, cuidado e estímulo. No entanto, no Brasil real, é justamente o período em que a criança está mais vulnerável, mais esquecida e mais prejudicada por um sistema que não enxerga nela um sujeito de direitos.

A urgência é clara: se o Brasil deseja romper o ciclo da pobreza, precisa investir pesado e com inteligência  na infância. A equidade começa com políticas públicas que enxerguem cada criança como prioridade absoluta. A omissão custa caro. E quem paga são as próximas gerações.

Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil

VEJA TAMBÉM: Ibama discute a regulamentação do Programa Arapaima no Amazonas

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Marcia Dantas

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