O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) decidiu interromper temporariamente o Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB), criado para agilizar a análise de pedidos de aposentadoria e auxílios, devido à insuficiência orçamentária.
Com a suspensão, nenhuma nova tarefa poderá ser concluída por meio da “análise extraordinária”, principal ferramenta que acelerava o atendimento. Além disso, os agendamentos do Serviço Social realizados fora da jornada regular dos servidores serão remanejados para o horário normal, o que pode gerar ajustes ou cancelamentos. A paralisação ameaça reverter ganhos na redução da fila de espera e pode provocar novos atrasos nas concessões.
Razão da paralisação
Segundo o presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., o órgão carece de recursos adicionais para manter o programa ativo. Ele encaminhou um ofício ao Ministério da Previdência pedindo uma suplementação orçamentária de R$ 89,1 milhões, considerada necessária para garantir o funcionamento regular do PGB.
Em nota oficial, o INSS afirmou que a suspensão tem caráter preventivo, a fim de evitar distorções administrativas caso o programa continuasse operando sem a recomposição de verbas.
Consequências imediatas: fila volta a crescer
Com o fim temporário da “análise extraordinária”, novas tarefas deixarão de contar com esse atalho. Requerimentos pendentes ou sob exigência voltarão à fila convencional de processamento, o que deve ampliar os prazos de concessão.
A medida ocorre em um cenário já crítico: em agosto de 2025, a fila de espera do INSS ultrapassou 2,6 milhões de pedidos, segundo dados do Portal da Transparência. No fim de 2024, eram cerca de 2 milhões, e no primeiro trimestre de 2025, o número chegou a 2,7 milhões.
Desafio estrutural
A suspensão do PGB reacende o debate sobre a viabilidade de programas baseados em incentivos financeiros diante de orçamentos contingenciados.
Além disso, a manutenção da fila em níveis elevados coloca à prova a capacidade operacional do INSS para atender à crescente demanda por benefícios, impulsionada pelo envelhecimento populacional e pelas fragilidades do mercado de trabalho.
O que esperar daqui em diante
A retomada do PGB dependerá da liberação dos recursos pleiteados. Enquanto isso, a tendência é de piora nos prazos de análise, especialmente para novos pedidos.
Em casos urgentes, segurados podem recorrer à Justiça para acelerar a concessão dos benefícios.
O episódio evidencia a necessidade de revisão estrutural, com alternativas de gestão, redistribuição de tarefas e modelos de estímulo que não dependam exclusivamente de recursos extras.
Por: Laís Pereira da Silva | Revisão: Laís Queiroz
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