O senador colombiano Miguel Uribe Turbay, um dos principais nomes da direita nas eleições presidenciais de 2026, foi vítima de um atentado a tiros neste sábado (7), durante um evento de campanha em Bogotá. Segundo informações divulgadas pelo jornal El Espectador, Uribe foi atingido por pelo menos cinco disparos na região da nuca enquanto discursava para apoiadores no distrito de Fontibón, zona oeste da capital colombiana.
O ataque ocorreu por volta das 16h (horário local), em uma praça pública onde centenas de simpatizantes se reuniam para ouvir o pré-candidato. Testemunhas relataram momentos de pânico e correria logo após os disparos. “Foi um caos. As pessoas gritavam, se jogavam no chão. Vi gente chorando e crianças desesperadas”, contou uma moradora local que preferiu não se identificar.
O prefeito de Bogotá, Carlos Fernando Galán, confirmou nas redes sociais que o autor dos disparos foi capturado pelas autoridades ainda no local. “O senador Miguel Uribe está recebendo atendimento de emergência após ser vítima de um ataque esta tarde em Fontibón. O atirador foi capturado. Toda a rede hospitalar de Bogotá está em alerta caso ele precise ser transferido”, escreveu Galán em publicação feita na rede X (antigo Twitter).
Até o fechamento desta reportagem, o estado de saúde de Uribe era considerado grave. Ele foi levado ao Hospital Universitário San Ignacio, onde passou por cirurgia de emergência. Fontes próximas à família informaram que o senador encontra-se sedado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com prognóstico reservado.
O atentado gerou uma onda de comoção e indignação na Colômbia. O governo nacional publicou uma nota oficial nas redes sociais condenando veementemente o episódio. “O Governo Nacional condena de forma categórica e veemente o ataque que recentemente visou o Senador Miguel Uribe Turbay. Este ato de violência constitui um atentado não apenas à integridade pessoal do senador, mas também à democracia, à liberdade de pensamento e ao exercício legítimo da política na Colômbia”, diz o comunicado.
Solidariedade e repúdio marcam reação ao ataque político
Diversos políticos, incluindo adversários de Uribe, manifestaram solidariedade e repudiaram o ataque. A senadora María José Pizarro, do movimento progressista Colombia Humana, declarou: “Hoje a política colombiana sofreu um golpe bárbaro. A violência não pode, jamais, ser um instrumento de disputa ideológica.”
O atentado contra Miguel Uribe ocorre em um momento de elevada tensão política na Colômbia. O país, historicamente marcado por conflitos armados e violência política, vem assistindo a uma polarização crescente à medida que se aproximam as eleições presidenciais. Nos últimos meses, diversos líderes comunitários e defensores de direitos humanos também foram alvo de ameaças e agressões.
Quem é Miguel Uribe?
Uribe, de 38 anos, é neto do ex-presidente Julio César Turbay e ganhou destaque nacional como secretário de governo de Bogotá durante a gestão de Enrique Peñalosa. Atualmente senador pelo partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, ele vinha crescendo nas pesquisas com um discurso firme contra a criminalidade, em defesa das forças armadas e com forte apelo conservador.
Fontibón, bairro onde ocorreu o atentado, é uma das regiões da capital com histórico de atuação de grupos armados e milícias urbanas. A polícia local informou que o suspeito preso é um homem de 29 anos, cuja identidade ainda não foi revelada. As motivações do ataque estão sendo investigadas, mas não se descarta um crime com motivação política.
O atentado levanta sérias questões sobre a segurança de candidatos em campanha na Colômbia. A Defensoria Pública já havia alertado, em relatório recente, sobre a vulnerabilidade de políticos em regiões periféricas da capital e em zonas rurais do país. “É fundamental que o Estado garanta proteção adequada aos atores políticos, sob risco de comprometer gravemente o processo democrático”, advertiu o defensor público Carlos Camargo.
A equipe de campanha de Miguel Uribe informou que todos os atos públicos previstos para os próximos dias estão cancelados até que haja um novo posicionamento oficial sobre o estado de saúde do senador.
Ainda sem informações concretas sobre o desfecho do atentado, a Colômbia se vê diante de um episódio que pode marcar profundamente a corrida presidencial de 2026. Para muitos analistas, a violência contra Miguel Uribe não atinge apenas um nome específico, mas representa um duro golpe na já fragilizada democracia colombiana.
Enquanto isso, apoiadores do senador organizam vigílias e correntes de oração por todo o país. Em Bogotá, grupos de simpatizantes se reúnem em frente ao hospital onde ele está internado, pedindo justiça e clamando por paz.
O país aguarda, com tensão, os próximos capítulos de um drama político que expõe feridas ainda abertas em uma nação que luta para consolidar sua democracia em meio a um histórico de violência e instabilidade.
Por Alemax Melo I Revisão: Lais Queiroz
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