A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta segunda-feira (25), em Olinda (PE), um homem identificado como autor de ameaças contra o influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. Além de intimidar o youtuber com mensagens de morte, o investigado vendia material infantil na internet e chegou a falsificar mandados de prisão contra o criador de conteúdo, segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).
Ameaças e investigação
As ameaças começaram em 16 de agosto, dias após Felca publicar um vídeo de 40 minutos sobre a chamada “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais, que já ultrapassa 48 milhões de visualizações. No material, o influenciador expôs situações de exploração infantil, sexualização precoce e irregularidades ligadas ao influenciador Hytalo Santos, preso posteriormente por crimes como tráfico de pessoas e exploração sexual de menores.
O investigado enviou um e-mail a Felca afirmando: “Você corre risco e vai pagar com a vida”. O conteúdo também trazia acusações falsas de pedofilia contra o youtuber. A Justiça de São Paulo determinou, em caráter de urgência, a quebra de sigilo do endereço eletrônico e obrigou o Google a fornecer informações de identificação do autor.
Segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, a investigação confirmou que o suspeito, além das ameaças, lucrava com a comercialização de material infantil nas redes.
Prisão em Olinda
Com base nas informações do Google, a Polícia Civil de São Paulo, por meio do NOAD (Núcleo de Observação e Análise Digital) e da 3ª Delegacia de Crimes Cibernéticos do DEIC, realizou diligências em dois endereços em Olinda, com apoio da Polícia Civil de Pernambuco.
O investigado foi localizado em uma das residências e preso em flagrante. Ele estava acompanhado de outro indivíduo que também foi levado à delegacia. Além do material apreendido no local, a polícia descobriu que o suspeito produziu falsos mandados de prisão contra Felca e tentou incluí-los no Banco Nacional de Mandados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os documentos forjados também foram divulgados no aplicativo Discord, como forma de disseminar desinformação contra o influenciador.
Repercussão e ameaças
Desde a publicação do vídeo sobre a exploração de menores, Felca afirma que sua rotina mudou. O criador de conteúdo relatou em entrevistas e podcasts que precisou adotar medidas de segurança, como carro blindado e escolta particular, após receber uma série de intimidações. Ele também contou ter sido alvo de acusações falsas e perseguições virtuais.
Quem é Felca
Criador de conteúdo desde 2012, Felca se consolidou na internet com vídeos de humor irônico e críticas à cultura digital. Entre seus conteúdos de maior repercussão estão “Testei a base da Virgínia”, com mais de 19 milhões de visualizações, e as chamadas lives de NPC no TikTok, nas quais arrecadou R$ 31 mil destinados a instituições de caridade.
O influenciador também se destacou ao criticar o envolvimento de personalidades digitais com apostas esportivas, as chamadas bets. O posicionamento o levou a ser convidado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos) para participar da CPI das Bets, convite que não chegou a se concretizar.
Próximos passos
De acordo com a SSP-SP, as investigações seguem em andamento para apurar crimes de ameaça, perseguição, falsificação de documentos e associação criminosa. O suspeito segue detido e, segundo a polícia, representava risco real à vida do influenciador e de pessoas ligadas a ele, como a psicóloga entrevistada no vídeo sobre adultização.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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