Um levantamento do instituto Quaest, divulgado na segunda-feira (3), revela que a maior parte da população do Rio de Janeiro apoia o endurecimento das leis penais contra o crime organizado. A pesquisa foi realizada entre os dias 30 e 31 de outubro, logo após a megaoperação nas comunidades do Alemão e da Penha, que terminou com 121 mortos, entre eles quatro policiais.
Segundo o estudo, 85% dos entrevistados defendem o aumento da pena para quem comete homicídios a mando de facções criminosas. Outros 72% apoiam que grupos como o Comando Vermelho sejam enquadrados como organizações terroristas.
A pesquisa ouviu 1,5 mil moradores do estado com 16 anos ou mais. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento foi encomendado pela Genial Investimentos.
Opiniões sobre segurança pública
Entre os assuntos abordados, 94% dos entrevistados concordam com a criação de um escritório de emergência para combater o crime organizado, enquanto 73% apoiam a realização de operações policiais em comunidades.
Já 59% acreditam que o governo federal deveria decretar uma nova GLO (Garantia da Lei e da Ordem), medida que permitiria o uso das Forças Armadas em apoio à segurança pública no Rio, assim como ocorreu em 2018.
Apesar do apoio às ações policiais, 52% disseram sentir o estado menos seguro após a última megaoperação. Para 62%, o governo estadual não tem capacidade de combater o crime sozinho.
Avaliação sobre o governo e declarações do Presidente Lula
A pesquisa também incluiu perguntas sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que “traficantes são vítimas dos usuários de drogas”. A frase, dita durante uma entrevista na Indonésia, foi vista como uma “opinião sincera” por 60% dos entrevistados, enquanto 33% classificaram como um mal-entendido.
Além disso, 64% disseram aprovar a operação policial, e 58% a consideraram um sucesso.
Entenda o contexto
A Operação Contenção, deflagrada no fim de outubro, foi a mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo as forças de segurança estaduais. A ação teve como alvo o Comando Vermelho, principal facção criminosa do estado, e resultou em centenas de mandados de prisão e dezenas de apreensões de armas.
O episódio reacendeu o debate sobre o papel das forças policiais, os limites da letalidade e a eficácia das políticas de enfrentamento ao crime organizado em favelas cariocas.
Por Marília Duarte | Revisão: Daniela Gentil
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