A Klabin desativou as atividades de sua fábrica de papel reciclado localizada em Paulínia, no interior de São Paulo. A decisão foi tomada diante do cenário de enfraquecimento do mercado para o segmento, segundo apuração do InvestNews.
O encerramento da produção foi comunicado aos funcionários na manhã da última segunda-feira (21), durante reunião com os turnos operacionais. A unidade, que operava em regime contínuo, já havia reduzido parte de suas operações no ano anterior.
Com capacidade anual de 65 mil toneladas, a planta foi adquirida em 2020, quando a Klabin comprou os ativos da International Paper no Brasil. Em nota, a companhia confirmou a suspensão e atribuiu a decisão a fatores econômicos que impactam diretamente a rentabilidade da operação. Segundo a empresa, o fornecimento aos clientes segue mantido por outras unidades.
O fechamento está relacionado a dois principais fatores: o encarecimento das aparas, matéria-prima derivada de resíduos de papel e a queda nos preços de venda do papel reciclado, pressionados pela redução da procura no setor.
Além disso, a valorização do real frente ao dólar tornou o kraftliner, fabricado com fibra virgem, uma alternativa mais lucrativa, afetando diretamente a competitividade do reciclado em unidades menos robustas, como a de Paulínia.
Mesmo com a descontinuação da fábrica, a Klabin segue com operações significativas de reciclados em Piracicaba (SP) e Goiana (PE), totalizando cerca de 400 mil toneladas de capacidade anual nesse segmento.
A companhia conta com 24 plantas industriais, 23 delas no Brasil e uma na Argentina, e é líder nacional na produção e exportação de papéis para embalagens. Seu portfólio inclui papel-cartão, kraftliner e fluting, produtos que concentram a maior parte dos 3 milhões de toneladas de capacidade anual da empresa.
Em 2024, a empresa inaugurou uma nova unidade de papéis ondulados em Piracicaba, fruto de um investimento de R$ 1,6 bilhão, o que elevou sua participação no mercado nacional de caixas de papelão para 24%.
A medida reforça o reposicionamento da companhia diante de um cenário desafiador no setor de papel reciclado.
Por Kátia Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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