A articulação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o Congresso Nacional enfrenta desgaste significativo, segundo revela a mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira, 2 de julho de 2025. O levantamento ouviu 203 deputados federais entre os dias 7 de maio e 30 de junho, tanto presencialmente quanto on-line, e apontou que 51% dos parlamentares consideram negativa a relação entre o Executivo e o Legislativo.
O índice revela um agravamento do cenário em relação a maio deste ano, quando 43% dos deputados avaliaram a relação como negativa. A avaliação regular foi apontada por 30% dos entrevistados, enquanto apenas 18% enxergam positivamente a interlocução entre os dois poderes. Outros 1% não souberam ou preferiram não responder. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
Polarização entre as bancadas
A divisão de opiniões entre os parlamentares reflete a própria composição política da Câmara. Entre os deputados da base governista, o cenário é mais favorável: 42% veem a relação com o governo de forma positiva apesar da queda em comparação aos 46% de maio, 39% classificam como regular e 19% como negativa.
Por outro lado, a rejeição cresce entre os independentes e explode entre os oposicionistas. No grupo dos independentes, 65% avaliam negativamente a relação com o governo, ante 45% na pesquisa anterior. A avaliação positiva caiu para apenas 4%, enquanto 29% consideram regular.
Entre os oposicionistas, o cenário é ainda mais desfavorável: 78% consideram a relação ruim, 22% classificam como regular e nenhum deputado afirmou ter uma visão positiva do governo, uma queda ainda maior em relação aos 2% que aprovaram a relação em maio.
Avaliação do governo
O desgaste na articulação se reflete também na imagem geral do governo Lula. De acordo com os dados da Genial/Quaest, 51% dos deputados entrevistados avaliam negativamente o governo, enquanto apenas 27% têm uma visão positiva da atual gestão. Os demais classificam como regular ou não quiseram opinar.
Essa avaliação é particularmente dura entre os deputados independentes, que representam 27% da Câmara. Nesse grupo, 65% reprovam a administração Lula. Já entre os governistas, 71% mantêm a avaliação positiva em relação aos dados anteriores. Na oposição, como era de se esperar, não há qualquer menção positiva: todos os parlamentares desse grupo reprovam o governo.
Perspectivas legislativas no segundo semestre
O levantamento ainda aponta certo pessimismo com relação à capacidade do governo de aprovar sua agenda legislativa nos próximos meses. Para 57% dos parlamentares, o Planalto terá dificuldades ou pouca chance de emplacar projetos prioritários no segundo semestre. Essa percepção evidencia os desafios de articulação e negociação enfrentados pelo governo, sobretudo junto a deputados independentes e da oposição.
STF também na mira dos deputados
Outro ponto abordado pela pesquisa foi a relação entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Câmara dos Deputados. Nesse quesito, 48% dos deputados afirmam que o Supremo desempenha um trabalho ruim, enquanto apenas 27% o avaliam de forma positiva. Os demais preferem não opinar ou classificam como regular.
Ainda mais preocupante para o Judiciário é o dado de que 49% dos parlamentares acreditam que o STF frequentemente invade as competências do Congresso Nacional. No entanto, apesar das críticas, 65% afirmam que não há clima político nem maioria suficiente para levar adiante um eventual processo de impeachment de algum ministro da Suprema Corte.
Os dados da pesquisa Genial/Quaest escancaram a complexidade do cenário político em Brasília. A queda na avaliação positiva da relação entre governo e Congresso, somada à insatisfação crescente entre independentes e oposicionistas, revela o quanto a governabilidade de Lula depende de rearticulações e da construção de novos pactos. A percepção majoritária de que o governo encontrará dificuldades para aprovar sua agenda até o fim do ano reforça a urgência de uma estratégia mais eficaz no diálogo com o Legislativo.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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