A transferência de Robinho para o Centro de Ressocialização de Limeira, no interior de São Paulo, marca uma nova etapa da pena de nove anos imposta ao ex-atacante por participar do estupro coletivo de uma jovem albanesa em Milão, em 2013. A mudança ocorreu em novembro de 2025, após pedido da defesa, e retirou o condenado da Penitenciária 2 de Tremembé – o chamado “presídio dos famosos”.
A unidade em Limeira é considerada mais tranquila e voltada a réus primários sem ligação com o crime organizado. Ali, Robinho divide espaço com pouco mais de 100 detentos e tem acesso a biblioteca, horta, ambulatório, quadra esportiva e cursos profissionalizantes oferecidos em parceria com Senai, Senac e Sebrae.
O ex-jogador tenta abater dias da pena por meio de estudo e trabalho, como permite a lei brasileira para crimes hediondos cometidos por réus primários. Ele deve permanecer em regime fechado ao menos até 2027, quando completa 40% da pena – requisito mínimo para solicitar progressão.
Dentro do presídio, Robinho tem relatado manter uma rotina discreta. Já concluiu um curso básico de eletrônica e participa de atividades de leitura. Em depoimentos ao Conselho Comunidade de Taubaté, afirmou não receber qualquer privilégio: “A alimentação e o horário que durmo são iguais aos dos outros reeducandos. Nunca tive tratamento diferente.”
A aposta do Prime Video reacende a polêmica
A nova temporada de “Tremembé”, produção do Prime Video, incluiu Robinho como uma das figuras centrais do enredo. O primeiro teaser liberado pelo criador e roteirista Ullisses Campbell mostra o momento em que o ex-jogador chega ao presídio e é recebido pelo agente Firmino, interpretado por Fabrizio Gorziza – cena que rapidamente viralizou.
A escolha dividiu opiniões no Brasil, mas a repercussão mais dura veio da Itália, onde o caso é lembrado até hoje como um dos episódios mais graves envolvendo atletas de renome. Aqui, tanto a família da vítima quanto juristas ligados ao processo receberam com indignação a transformação de Robinho em personagem de uma série de entretenimento.
Fontes próximas ao Ministério da Justiça italiano afirmam que a decisão foi vista como “deplorável” e “desrespeitosa com a vítima e com o próprio sistema judicial”. Para familiares da jovem, o incômodo é ainda maior, já que o caso se tornou símbolo da luta contra a violência sexual em território italiano.
A condenação na Itália foi confirmada em todas as instâncias e reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça brasileiro em 2024, permitindo a execução da pena no Brasil, já que o país não extradita cidadãos brasileiros.
Um crime que mudou a trajetória do ídolo
Em 2013, Robinho e amigos foram acusados de participar de um estupro coletivo em uma boate de Milão. A Justiça italiana considerou comprovado que a vítima estava incapaz de resistir e que houve participação ativa do jogador no crime.
O caso avançou por anos até ser encerrado definitivamente em 2022, com pena de nove anos em regime fechado. A sentença destruiu a imagem do ex-atleta na Itália, onde ainda hoje seu nome é associado ao crime. A exibição de sua história em “Tremembé” reacende lembranças de um dos episódios mais comentados e repudiados no país.
As novas apostas cinematográficas do Brasil colocam grandes vilões reais em um patamar de protagonismo, mostrando que crimes considerados hediondos fazem dessas figuras emblemáticas virarem novamente centro das atenções no Brasil, demonstrando uma linha tênue e frágil entre o real e a ficção, onde criminosos acabam virando ídolos por terem cometido grandes crimes no passado.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália |Revisão: Daniela Gentil
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