A Nix Diversidade, consultoria voltada à diversidade, economia criativa e social em parceria com coletivos aliados, lança os Jogos Nix Trans, o primeiro festival poliesportivo do país protagonizado por pessoas trans.
O festival será realizado de 22 a 24 de agosto, no Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary Pires, em São Paulo. A programação pretende ser diversa com o foco em promover a diversidade e inclusão esportiva para a comunidade trans.
Programação do Festival
No dia 22, primeiro dia do evento poliesportivo, que reúne diversas modalidades em uma única programação, a agenda será dedicada a palestras e rodas de conversa que abordam os desafios e as políticas públicas voltadas à comunidade trans, além de promover a troca de experiências, a escuta e a conexão entre participantes.
Durante os dias 23 e 24, os torneios serão dedicados a pessoas e coletivos trans, com participação aberta também a apoiadores da causa. Nas modalidades de vôlei, futsal e corrida, a expectativa é reunir cerca de 600 participantes, com previsão de receber mais de 3 mil pessoas ao longo dos três dias de evento.
Os Jogos Nix Trans representam um convite à inclusão, à diversidade e ao respeito, sendo um passo fundamental para assegurar que cada pessoa tenha o direito de existir, competir e conquistar.
“Queremos chamar atenção para o fato de que pessoas trans têm o direito de ocupar quadras, campos e ginásios. Não só como atletas, mas verdadeiros protagonistas. Todo o evento é um convite para repensarmos o esporte como um espaço realmente coletivo e transformador”, destaca Fabrício Addeo Ramos, diretor da Nix Diversidade.
Uma iniciativa que surge diretamente da comunidade
A ideia dos Jogos Nix Trans nasceu de uma necessidade expressa pela própria comunidade trans em São Paulo, identificada em diálogos com coletivos parceiros da Nix Diversidade, como Angels Volley e Meninos Bons de Bola. Com anos de experiência, esses grupos evidenciaram que a inclusão simbólica não era suficiente, era fundamental criar um evento autêntico onde a comunidade pudesse praticar esportes com liberdade e sentimento de pertencimento.
Essa iniciativa também se fundamenta em dados que revelam uma grande lacuna: um estudo realizado em 2022 pela Nix Diversidade em parceria com a Nike mostrou que 42,8% da população LGBTQIAP+ no Brasil não têm acesso ao esporte. Entre os principais obstáculos estão a falta de companhia, a falta de tempo e, sobretudo, experiências de discriminação, assédio e violência, mais de 63% das pessoas LGBTQIAP+ já vivenciaram ou presenciaram episódios de preconceito em ambientes esportivos. Esses dados foram essenciais para consolidar e fortalecer a construção do evento.
“A maioria reconhece a importância do esporte, mas nem sempre se sente segura para praticá-lo. Os Jogos Nix Trans nascem justamente para contribuir para uma mudança real, com acolhimento, coragem e afeto, queremos transformar o esporte em um espaço de cura, resistência e autoestima”, comenta Fabrício.
Perspectivas para os próximos anos
Segundo o coordenador de programação do evento e fundador do coletivo Espartanos, a expectativa é consolidar os Jogos Nix Trans como um evento anual, que se fortaleça nas redes sociais e inspire novos coletivos, ampliando a presença de pessoas trans em diferentes ambientes esportivos.
“Nossa proposta é garantir o direito ao esporte e ao lazer para pessoas trans e travestis, enfrentando as barreiras de exclusão e violência ainda presentes nos ambientes esportivos tradicionais. Ao reunir coletivos, atletas, praticantes, profissionais da saúde e da gestão esportiva, os Jogos Nix Trans também estimulam o debate qualificado sobre inclusão, fortalecendo redes de apoio e construindo referências positivas para a comunidade.”
Uma celebração de vidas reais
Cada coletivo participante dos Jogos traz histórias inspiradoras. Como Thaís Tavares, que encontrou no vôlei um caminho para retomar os estudos, fortalecer sua autoestima e conquistar sua estreia na Liga Francesa. Ou Mikaella Reis, que deixou a prostituição para se tornar técnica em enfermagem, educadora social, palestrante e está prestes a concluir a graduação em Gestão de Saúde Pública. Também temos a história de Paola Santos, que reconstruiu sua vida pessoal e profissional através do esporte, e o exemplo das Leoas, do coletivo IMBB, o primeiro time de futebol feminino trans do Brasil.
Segundo Junior, a presença de pessoas trans e travestis no esporte é irreversível. A ciência médica já comprova que essa participação é justa, segura e viável, e a gestão esportiva vem sendo conduzida por pessoas que reconhecem que a inclusão de pessoas trans fortalece não só a comunidade, mas todo o universo esportivo.
“Quando o esporte se abre para a diversidade, todas pessoas ganham: pessoas trans e cisgênero compartilham experiências, aprendem mutuamente e constroem em conjunto uma sociedade mais justa, respeitosa e plural. O futuro do esporte é para todas as pessoas.” finaliza Júnior de Lima Beserra.
Informações Gerais
Jogos Nix Trans – 1ª edição
Local: Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa Marechal Mário Ary Pires. Av. Ibirapuera, 1315 – Vila Clementino, São Paulo – SP, 04029-000. Entrada pela: Rua Pedro de Toledo, 159
Data: 22 a 24 de agosto
Programação: 22 de agosto (rodas de conversas e palestras), 23 e 24 de agosto (torneios, amistosos, aulas, entre outras atividades).
Horários: 22 de agosto (14h às 19h)
23 de agosto (9h às 19h) e 24 de agosto (9h às 20h30).
Para mais detalhes e informações sobre o evento, acesse o site da organização: https://nixdiversidade.org/jogosnix
Por: Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
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